Páginas

2 de jan. de 2013

Onírico 3 - parte 6/6 - final

 
Água. Cheiro de roupa molhada, de algas. Cheiro bom, cheiro ruim. Água. Isso não era bom, não é? Onde ela estava? Ah, o submarino. Água? Isso não era bom, não é? Água entrando no submarino não podia ser bom. Mexeu os pés e sentiu-os chapinhar na água. A cabeça doía como nunca antes em sua vida. Parecia que estava pegando fogo e até mover os dedos dos pés lhe doía. Dedos dos pés? Ela sentiu os dedos dos pés na água. Não deveria estar calçada? De bota?
Morrera?
Mexeu com muito esforço os pés mais uma vez. A água era fria, direto na pele. Tentou mexer os braços, e estava solta. Não estava mais amarrada na cadeira. Só podia ter morrido, solta ela não resistiria ao tranco. Mas conseguira mover os pés, não conseguira? Não tinha quebrado a coluna, portanto.
Queria abrir os olhos, mas não achou que conseguiria. Percebeu então que não estava sentada, mas deitada. Uma onda fraca de água correu por baixo de suas pernas, arrastando areia, subindo até as costas e quando ela sentiu a água na nuca a sensação foi tão incrivelmente boa que Elisa abriu os olhos. Seu corpo inteiro doeu, os olhos principalmente.
Sol.
- Ela acordou! - alguém gritou. E Elisa entendeu tão fácil porque esse alguém gritou em português, e em seguida ela ouviu a mesma frase em inglês. Elisa piscou duas vezes e mexeu a cabeça para o lado direito.
Um rapaz bonito olhava pra ela, ele não era nada estranho. Não. Ela o conhecia muito bem. Reconheceu seus olhos, seus cabelos, o nariz, as sobrancelhas. Achou que o conhecia há muito tempo. Quando? Uma viagem longa, milhares de quilômetros, anos talvez. O fim. Ela lembrou do fim. Devia haver algo depois do fim? O que poderia haver depois do fim?
Então ele sorriu como ela ainda não o tinha visto sorrir.
- Bem-vinda. Ao começo.