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8 de jul. de 2014

como se fosse hoje

lembro como se fosse hoje. meu filho Carlos tinha dois meses. não dormiu durante o jogo, como fizera durante as quartas com Chile, aquela dos pênaltis, lembra? também foi no Mineirão. gritávamos na sala, e ele no quarto não acordou. mas naquela terça quando o Brasil voltou ao Mineirão pra enfrentar a Alemanha, ele não quis dormir. quis estar acordado pra ser testemunha inocente e alheia da pior tragédia vivida pelo futebol brasileiro. a pior. pior que Maracanazo. o Mineiraço me feriu de morte. sinto-me mutilada, ainda. porque é como se fosse hoje. não chorei, atordoada como se... como se eu fosse o meio campo da seleção. surpresa como a própria seleção alemã, que com certeza não esperava por algo assim. sangro ainda, porque é como se fosse hoje. não tínhamos Neymar, quebrado no jogo anterior. não tínhamos Thiago Silva, suspenso. e os que tínhamos... desolados, horrorizados. a torcida abandonando o estádio aos 30 minutos de jogo. "vexame histórico", diziam na tv. eu que amava tanto o futebol. que ainda continuaria amando, é claro, ainda amo. mas uma ferida daquelas? uma chaga funda, pisada, judiada, que ainda sangrava quando ainda era mais e mais machucada? não. daquilo não esqueço, é como se fosse hoje.