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31 de mai. de 2011

Os grandes detetives: quando cai o pano sobre o problema final... - Parte 1: a queda


* Esta série de três posts conterá spoilers de "The Final Problem" e "The Empty House", de A. Conan Doyle, e também de "Cai o Pano" ("Curtain"), de Agatha Christie.


 Esta semana vi o episódio final da segunda temporada de série The Adventures of Sherlock Holmes, da Granada. Como sempre, muito bem-feito, extremamente respeitador dos originais, inclusive reproduzindo nas bocas dos personagens textos literais de Conan Doyle. Tirando a invencionice sobre o golpe de Moriarty que Holmes teria frustrado na França (existiu sim um caso na França, mas no livro não se detalha sua natureza), tudo é muito perfeito e fiel. E o resultado é extremamente satisfatório. A série da Granada segue sendo a melhor representação de Sherlock Holmes, na minha opinião.

Como sempre, impressiona-me também o extremo cuidado e respeito com as ilustrações originais de Sidney Paget, para o The Strand. E agora que possuo as obras completas de Sherlock Holmes com as ilustrações originais (em linda e baratíssima edição da Wordsworth), corri a reler "The Final Problem", deliciando-me com as imagens e a literalidade da produção da Granada.

A história da morte da Sherlock Holmes começa antes do próprio conto. Começa na decisão de Sir Arthur Conan Doyle de matar seu personagem, que tornara-se tão maior do que ele próprio. O conto "final" de Holmes não é dos melhores, em termos de investigação, é mais dedicado a dar a dimensão da grandeza do personagem, usando como medida o seu maior rival, o Professor Moriarty.

"He is the Napoleon of crime, Watson. He is the organizer of half that is evil and of nearly all that is undetected in this great city. he is a genius, a philosopher, an abstract thinker. He has a brain of the first order. He sits motionless, like a spider in the centre of its web, but the web has a thousand radiations, and he knows well every quiver of each of them. He does little himself. He only plans."

O curioso é que Moriarty não havia sido mencionado antes do Problema Final. Ele foi criado à imagem e semelhança de Sherlock Holmes para poder destruí-lo. Para que a destruição do herói não diminuísse sua grandeza. Mesmo querendo a morte do personagem, Conan Doyle não podia desmerecê-lo. E com certeza não queria.

O fato de Moriarty ter "nascido" e morrido no mesmo conto não só não tira sua consistência como em nada atrapalhou a ascensão definitiva desse vilão ao panteão dos grandes vilões da ficção. Isso é extraordinário! Um vilão criado unicamente para destruir o herói, e que só passará a ser mencionado postumamente a partir de então, ter chegado a se tornar tão conhecido, ter virado uma referência no "crime organizado" da literatura, só mesmo a verve de Conan Doyle para alcançar esse feito!

"My horror at his crimes was lost in my admiration at his skill."

E é a isso que se deve o porte de Moriarty: à admiração de Sherlock Holmes. É o próprio herói que dá tamanho ao vilão, por admirá-lo. Por reconhecer nele o primeiro adversário à sua altura. Isso não é nada pouco, estar à altura de Sherlock Holmes.

Meu momento favorito no conto é, sem dúvida, o primeiro encontro face a face dos dois antagonistas. O diálogo entre Holmes e Moriarty é todo primoroso. Uma elegante e tensa medição de forças.

trecho que contém a maior parte da "conversinha"

"You crossed my patch on the 4th of January. On the 23rd you incommoded me; by the middle of February I was seriously inconvenienced by you; at the end of March I was absolutely hampered in my plans; and now, at the close of April, I find myself placed in such a position through your continual persecution that I am in positive danger of losing my liberty. The situation is becoming an impossible one."

A última frase poderia ter sido (e foi, afinal!) dita pelo próprio Conan Doyle para Sherlock. "A situação se tornou impossível".

Na produção da Granada, Moriarty é mencionado no episódio The Red-headed League, numa licença à obra original. Mas ele aparece pessoalmente apenas em The Final Problem, excelente interpretação de Eric Porter, e caracterização perfeita da persona do Professor (tão sinistro com seu sobretudo preto que deve ter sido o ícone fashion do Professor Snape!).

 "'If you are clever enough to bring destruction upon me, rest assured that I shall do as much to you.'

'You have paid me several compliments, Mr Moriarty,' said I. 'Let me pay you one in return when I say that if I were assured of the former eventuality I would, in the interests of the public, cheerfully accept the latter.'

'I can promise you the one, but not the other." [min. 3:00 até 3:48 do vídeo acima]

É o que diz o fio-do-demo, saindo do 221B da Baker St. O final da sequência do papinho amigável entre os dois é eletrizante! Eric Porter põe uma carga danada de ódio e energia na última ameaça!

Jeremy Brett é bem-sucedido no retrato de seu estado nervoso e excitado; há o medo, e também o prazer de buscar uma vitória que, enfim, ele valorize.

The Reichenbach Falls, Suíça (Meiringen)

O local do encontro definitivo, da solução para o problema final.

 The Reichenbach Falls

Hoje tem até um museu ali, no "Englischer Hof", hotel em que Watson e Holmes se hospedaram em Meiringen, Suíça.


Até os trajes que David Burke usa, compondo (pela última vez!) o dr. Watson, são bem parecidos com os das ilustrações de Sidney Paget. Simplesmente adoro esses detalhes! Gostaria de chamar a atenção de vocês para o fato de que Watson procura empregar os métodos de Holmes à beira do abismo ao investigar a queda, o desaparecimento, a morte do detetive. Veremos ainda uma outra vez, nesta série de posts, o resultado, sempre ineficiente, de um sidekick tentando tomar as vezes do detetive após a morte do herói.

A Granada carrega um pouquinho mais na emoção, mas dentro de um limite muito plausível, sem descaracterizar o personagem nem desafiar o texto. A cena da queda é belíssima.

 A cena original, de Sidney Paget

still da cena da queda na série televisiva

Será mesmo o fim? No fundo, já sabemos a resposta...

Jeremy Brett, um Sherlock impecável!

(Aguardem continuação...)

30 de mai. de 2011

Sabonetes Phebo - testando, testando


Sabonetes Phebo fazem parte da minha vida há um tempão. Além de serem um clássico do banho paraense, vim morar perto da fábrica da Phebo aos sete anos, e a partir daí era um tal de sentir aquele cheiro de sabonete que entrava pela janela todas as tardes: uma delícia.

No começo eram só uns três ou quatro perfumes, agora chegam a oito! Depois de ter voltado a viver no mesmo endereço do meu querido e tão charmoso bairro do Reduto, sempre visito a lojinha da Phebo. Agora a marca pertence à Granado, a "Pharmácia" da família real brasileira, mas toda a linha da Phebo foi mantida, e a fábrica da Phebo continua sendo em Belém, no mesmo lugar de antes (e eu continuo sentindo cheirinho de sabonete!). Irresistível fazer um teste com todos os perfumes, inclusive comparando novos e velhos. 



Todos os sabonetes da linha são glicerinados, não agridem peles sensíveis, mas não são muito hidratantes, se é o que você procura (ainda assim são melhores que Lux). Por serem glicerinados não duram tanto quanto um sabonetão dos brancos, mas valem a pena. Custam por volta de R$1,90. Testei todas as fragrâncias, e resenho-as resumidamente na ordem em que as testei.

1) Frescor da manhã: o azul. A fragrância puxa para o cítrico, mas achei um pouco enjoadinha. Parece uma mistura de floral com cítrico que não deu muito certo. Não aprovei e não compro de novo.

2) Flores da primavera: embalagem pink. Floral forte, porém delicioso, nada enjoativo. As notas florais são de cravo, jasmim e ylang-ylang, misturadas com eucalipto, manjericão e outras.

3) Amazonian: o verde. Cheiro marcante de selva, perfeito. Eucalipto bem presente.

4) Toque de Lavanda: o lilás. Lavanda clássico, com o estilo refrescante Phebo.

5) Naturelle: o laranjinha. É quase amadeirado, mas é tão leve que é diferente de todo amadeirado que você já viu. Suavemente patchouli.

6) Raiz do Oriente: embalagem vermelha. Surpreendente perfume exótico cítrico. Delícia. Notas de limão, gengibre e verbena.

7) Odor de Rosas: o preto, o inescapável, o mais amado e o mais singular dos sabonetes. Nenhum sabonete chega perto de se igualar a esta maravilha de fragrância. A embalagem amarela e vermelha com seu cheiroso interior escuro (preto no início, roxo-açaí quando está ficando mais fininho) chamam os sentidos para os banhos mais gostosos da sua vida. Incomparável clássico! [Nas notas de fundo, patchouli, cedro, âmbar garantem a singularidade do produto.]

8) Brisa Tropical: o verde claro. Cheirinho de ervas, como alecrim, e um floral com cítrico leve e agradável, com notas de laranja, ylang-ylang (adoro!), muguet e até cassis. Recomendo!


Em resumo, os clássicos Odor de Rosas, Amazonian, Naturelle e Toque de Lavanda continuam bons. Na verdade acho os três primeiros excelentes, só o Toque de Lavanda é um pouco mais fraco, pois outras perfumarias tratam muito bem da lavanda, então a concorrência prejudica o desempenho. L'Occitane, por exemplo, é mestra com lavanda, por razões óbvias. E é com os perfumes novos que a Phebo prova que continua sendo eficiente sem perder seu estilo. Raiz do Oriente e Flores da Primavera são ótimos, Brisa Tropical é bom. Só o Frescor da Manhã eu decididamente não gostei. É uma média muito boa, hein? ;)

5 de mai. de 2011

A Globo acha que a gente é idiota?

Post curto, que não passa de um tweet grande demais.

Na segunda-feira, no Bom Dia Brasil mostrou uma foto do Bin Laden morto. Achei de um mau gosto horrível! Eu estava tomando café e fechei os olhos rapidamente: era um rosto deformado, uma imagem assustadora.

Depois eu soube que a imagem era falsa. Era uma montagem. Nos jornais que assisti nos dias que se seguiram, isso não foi mencionado. A Globo não sabe reconhecer que errou.

Pra piorar, hoje a Sandra Annenberg falou, em entrada durante o programa Bem Estar, que foram divulgadas imagens de não sei o quê (acho que não é do Bin Laden, perdi esse pedaço que ela falou), mas que ela não iria mostrar porque eram imagens fortes e feias, não seria legal. Hein?? Eles mostraram segunda-feira num horário ainda mais cedo a foto (falsa!) do cara morto e com o rosto deformado!

Odeio quando me tratam feito burra.