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31 de jul. de 2015

mulher e mãe podem ser o que quiserem

ref. este artigo: http://www.geledes.org.br/voce-quer-ser-mae-ou-apenas-ter-um-bebe/#gs.a96d603e318e43db9966b11fe9a94d44

mulher NÃO nasceu pra ser mãe, mulher nasceu pra ser o que quiser, porra. jamais tenha filhos pra mostrar pras amigas, pra dar satisfação à sociedade. suas amigas e a sociedade não vão pagar nem trocar as fraldas, não vão correr de madrugada pra dar uma chupeta pra um bebê assustado e chorando, não vão terminar o dia suadas e exaustas quando o coisinho aprende a andar. essa decisão precisa ser refletida.

MAS

tem uma coisa que eu não concordo muito com o tom deste texto. o fato de que as mães reclamam do trabalho que dá não significa que elas tomaram uma decisão irrefletida. é um crime tirar dessas mulheres o direito de se queixarem de algo que é realmente extenuante. mãe não tem que sofrer calada, mulher nenhum tem. até porque essas mães NÃO sabiam todo o trabalho que dá. NÃO sabiam como ia ser a vida delas depois do nascimento do filho. justamente porque o mundo só pinta o lado lindo de ter um filho e ser mãe. e mesmo que alguém tenha explicado realmente todo o trabalho que dá (e ninguém explica, porque a sociedade inteira quer te fazer TER o tal do filho, e não desistir de tê-lo), no fundo vc só sabe se dá conta ou não depois que já tá rolando. não é só trabalho físico. vc não é babá dessa criança, vc é a mãe. ninguém será tão dependente de vc quanto ele, e isso é uma demanda q vc nunca viveu. não se pode exigir que a mulher tivesse a medida disso antes de vivê-lo.

talvez seja assim que mulheres resolvem ter um filho e ficam só no primeiro. talvez tenham descoberto que, sim, é claro que dão conta, porque estão dando conta. mas que esse negócio de maternidade não é pra elas. ou pra mim. isso significa arrependimento? cara, não. há muito mais do que talento e aptidão envolvidos aqui. há o amor. O AMOR. e a relação mais intensa e íntima que vc já viveu com alguém. nem me faça pensar em abrir mão disso!

mas tb não me faça pensar em como era tranqs minha vida pré-gravidez... porque, putz, bate uma saudade... ;)

5 de mai. de 2015

parto real: o que teve

Eu até já falei de parto por aqui, e quis falar de novo já muitas vezes, mas me abstive. Não tava a fim de criar polêmicas. Mas meu filho fez um ano semana passada, e no dia seguinte à festinha dele nasceu a fofíssima Charlotte Elizabeth Diana, Sua Alteza Real a Princesa de Cambridge. Ninguém deu a mínima para Carlotinha Beth, a pequena Princesa Di. Todos os olhos se voltaram para Kate, que, maravilhésima, estava de pé (e no salto) poucas horas depois de parir. E dali simplesmente foi pra casa. Olha a ousadia dessa cunhã! O que teve? Teve muito recalque, teve viagem pesada, gente duvidando da data real do parto, duvidando da própria gravidez, as pessoas são muito doidas, né? Olha, eu achei tudo ótimo. Se Kate teve parto normal, já é o segundo filho, ela está bem de saúde e a bebê também e não lhe falta assistência em casa, Kate, minha filha, go home! Vá ser bonita assim lá em Kensington que é seu lugar, com seus dois filhotes e seu príncipe loiro, alto e careca.

Mas aí, como era de se esperar, a belíssima e irretocável experiência maternal de Kate começou imediatamente a ser usada como exemplo e como material de campanha para humanização do parto no Brasil. Muito natural que assim seja, só que eu tenho minhas ressalvas ao modo como essa campanha anda sendo conduzida, pelo menos aqui na internet. E às vezes esses bons exemplos são usados como uma forma de esfregar na cara de mães que fizeram cesáreas que elas são menos corajosas, ou menos mães. São, sim. Eu já vi (ninguém me contou) um álbum de fotos de celebridades que tinham feito partos normais e as legendas e comentários seguiam mais ou menos na linha "teve parto normal = mulher guerreira!". Tinha até os absurdos de dizer assim: fulana de tal, 3 filhos, 2 partos. Ah, um dos filhos foi chocado. Não foi parto, não. Hehe. Basicamente o que se via era JULGAMENTO JULGAMENTO JULGAMENTO.

No Brasil tem cesárea DEMAIS. Sim, tem. Esse comportamento deve mudar. Sim, deve! O parto normal é que deve ser o padrão, e a cesárea a exceção. Quem deveria saber orientar? MÉDICOS, PORRA. É evidente que a informação para a mãe é importantíssima, mas e o profissional? Sinceramente, não tenho visto muitos profissionais envolvidos nessa discussão. Daí vc cria um abismo. Mães que estão conhecendo outras realidades, outros partos, outros costumes, e que ou ficam absolutamente frustradas porque, no decorrer de sua gestação, percebem que não encontram estrutura pra ter um parto tão legal quanto o da Duquesa de Cambridge ou que vão lutar ferrenhamente contra médicos ao longo de toda uma gestação (testando, tentando), não conseguindo confiar em nenhum e talvez até insistirão pra ter um tipo de parto que nem seria recomendável para elas. Porque não é também que todo mundo pode parir em casa, e a informação que corre assim, em internet, não é suficiente, gente. Cria, sim, uma ilusão, um quadro fantasioso demais. É verdade que o parto é algo muito natural, sim, é. É verdade também que antes de séculos de evolução da medicina muitas parturientes e bebês morriam. Não dá pra demonizar o acompanhamento médico. Portanto é absolutamente necessário que a medicina acompanhe a humanização do parto, senão não vai servir PRA NADA. Está servindo pra criar frustrações, guerras entre mães, julgamentos e uma falta de empatia entre mulheres que é uma tristeza de se ver!

A mulher que faz cesárea não pode ser julgada ignorante, preguiçosa, medrosa, manipulada. Vc não julga uma mulher pelo que ela veste, não a julgue pelo parto. Vc quer garantir à mulher o direito de decisão sobre seu corpo, então dê-lhe igualmente o direito de escolher seu parto, inclusive se for cesárea. Vc quer garantir o direito à amamentação em qualquer local, dê a ela tb o direito de preferir dar mamadeira. NÃO JULGUE. Vc quer ajudar? Converse. Informe, até, mas se ela quiser. Ninguém tem que ser convertido a nada, isso não é religião. Esse tipo de ativismo simplesmente não pode ser agressivo, ou o resultado é o contrário. Tenho visto mães que fizeram cesáreas já tão cansadas de serem julgadas que estão quase se tornando ativistas... da cesárea! Elas não querem ser roubadas da experiência de maternidade que tiveram, como se fosse menor, desonrosa, e estão certas nisso!! É cruel pra caralho vc diminuir o valor da experiência de vida das pessoas, ainda mais um momento como esse! Aí aquela mulher viveu aquele parto, aquele momento que pra ela foi tão mágico, e depois ouve tantas coisas que fica achando "poxa, nem foi tão legal assim... podia ter sido daquele jeito... o parto de fulana foi mais legal...", e a alegria daquela mãe vai desinflando feito um balão furado. Quer saber? Isso é cruel.

Vamos tratar esse assunto como ele merece ser tratado. Com carinho, com cuidado, com empatia, sem julgamento. O caminho é longo, e não é uma guerra. A medicina fez muito pelas mulheres, pelas mães, pelas crianças. Pré-natal, vacinas, exames que detectam cedinho problemas que podem resultar em bebês prematuros e subdesenvolvidos, mas que se cuidados a tempo terão o melhor dos desfechos (foi o meu caso). Alienar a medicina do processo da gestação é irresponsável. Sim, gravidez não é doença, mas se a medicina só servisse na doença ninguém tomava vacina, nem fazia exames preventivos no ginecologista todo ano, né?

Digo, e repito. Menos julgamento. Mais carinho. Menos verdades absolutas. Mais empatia. Mais acolhimento. E sempre muito mais SORORIDADE.

Feliz Dia das Mães!

29 de jan. de 2015

gestando uma maternidade: 9 meses do lado de fora

este é, talvez, o post mais íntimo de todos os que já escrevi. não liguem se a leitura ficar tortuosa. certamente serei interrompida dezenas de vezes enquanto escrevo. mas quero contar pra vcs por que resolvi ter um filho.

antes de mais nada, preciso esclarecer que eu quis e não quis ter um filho por muito tempo. toda garota pensa e repensa a maternidade mil vezes durante a vida. se imagina grávida, se imagina mãe, se imagina contando praquele cara que tá esperando um filho dele, imagina como será a reação dele, fica com medo de ser uma reação horrível, toma pílula, usa camisinha, vive o pavor e o desejo proibido da maternidade quando a menstruação atrasa. vc quer que dê negativo, porque não se preparou pra isso naquela hora, mas quando dá negativo, vc fica arrasada. a gente é obrigada pela sociedade a pensar nisso milhares de vezes, por isso pensamos. eu quis e não quis ter um filho, por muito tempo. até que, uma vez, eu quis ser mãe. e aí eu me decidi.

querer ser mãe é muito, muito diferente de querer ter um filho. porque não é ter, é ser. é passar a desejar aquela transformação em você mesma. é querer incluir aquele novo "ser" em você. ser mulher, ser filha, ser amiga, ser irmã, ser professora, ser escritora, ser tradutora, ser fã, ser leitora, ser prima, ser tia, ser neta, ser sobrinha, e eu também quis ser mãe. sou uma pessoa extremamente egocentrada. adoro minha própria companhia mais do que de qualquer outra pessoa. adoro estar só, adoro tempo pra mim, tenho tantas coisas dentro da minha cabeça, preciso de tempo pra elas. sou cheia de desejos e propósitos. eu nunca precisei de um filho que me desse sentido à vida. eu desejei um filho que me ensinasse coisas que eu achava que faltavam em mim. que me ensinasse a renunciar. que me ensinasse a prescindir. que me ensinasse sobre me doar, sobre ser generosa e disponível, coisas que não sou e não sei fazer.

e ele ensina. e aprender essas coisas dói pra caralho. porque dói mudar coisas dentro de você. mil vezes por dia eu esqueço o motivo de ter decidido fazer isso, mas ao me tornar mãe, aquela parte instintiva já veio tomando conta, e mesmo que eu esqueça as razões de uma decisão tomada alguns anos atrás, eu simplesmente vou lá e faço o que é preciso fazer.

e muitas vezes faço de mau humor. faço de má vontade. não tenho vocação, não nasci pra essa fase de bebê, e não tenho vergonha de dizer. não gosto de trocar fralda, dar banho no bebê me cansa, brincar com ele é muitas vezes super chato e colocá-lo pra dormir é ou estressante ou me mata de sono. faço tudo isso como faço outras coisas da vida que não gosto, mas preciso. lavar a louça, estender a roupa ou levar o lixo pra fora. a diferença é que antes eu decidia quando lavar a louça, estender a roupa e levar o lixo pra fora. hoje eu tenho que fazer todas essas coisas e mais todas as outras que o bebê precisa na hora que ele precisa, ou na hora que ele deixa. perdi toda a autonomia sobre meu tempo. perdi minha prioridade. isso é triste, é cansativo e desalentador. ninguém gosta disso.

mas vivemos numa sociedade de exibição de felicidade onde é um horror admitir isso. admitir toda a carga de infelicidade que vem com a maternidade. nas redes sociais vc está cercada de amigas q postam fotos felizes com seus filhos pequenos, elas estão bonitas, penteadas, maquiadas, e os filhos estão sempre sorrindo. há momentos em que vc vê essas cenas e pensa "o que elas têm que eu não tenho? babá e empregada, talvez", e noutras vezes vc pensa "que ilusão, minha querida. sei o que vc está passando, companheira, e isso não passa de fachada". porque é claro que a gente não tira foto de fralda suja de cocô nem para pra filmar aquelas horas infernais daquela maldita tarde que ele não dormiu nadinha e chorou o tempo todo, se debatendo no seu colo, e vc chorou junto, de raiva, de cansaço, de pena daquele pequeno que vc não consegue ajudar. e aí a culpa, a culpa, a culpa de ficar com raiva, de querer que tudo aquilo acabe, a maior de todas as culpas, aquela de pensar que, se vc pudesse voltar atrás, não teria embarcado nessa aventura. nasce um bebê, nasce uma mãe, e nasce um Everest de culpa.

mas a mudança q eu pedi estava em curso. eu já tinha embarcado na aventura, e não tinha volta. perdida, apavorada, exausta, no fundo eu não daria conta nem de voltar atrás. porque aquela coisinha, aquele serzinho, precisa de mim, caralho! sai da minha frente, medo! e ele não sai, o medo vai te acompanhar daqui pra frente. o susto também. a maravilha também. e o choro sem motivo, e a raiva com motivo, e o sono, a dúvida, o cansaço. é preciso haver espaço para as mães sofrerem. o mundo moderno criou um novo tipo de mãe, ela está mais sozinha, ela não tem empregadas da família, ela mora num apartamento sozinha com o marido, tem uma diarista e olhe lá. ela não tem uma rede, as famílias moram longe. essa mãe sofre, e é preciso não julgá-la. não é menos amor, às vezes é até excesso, e o pavor do tamanho desse amor. o que vai ser dela daqui pra frente? vai caber tudo dentro daquele mesmo corpo, daquele mesmo coração?

é preciso coragem pra enfrentar esse mundo de comercial de margarina, que vende que os segundos se tornam mágicos desde o momento em que vc fica grávida. entender que, no fundo, a gente bota foto do filho no face pra se encher de likes e comentários pra termos uma recompensa rápida e acharmos que tudo aquilo vale a pena, porque pelo menos temos a aprovação da sociedade. isso é meio medíocre, mas é perdoável. é preciso, aliás, entender que essa tal de margarina é um lixo, e que manteiga é que é comida de verdade, assim como eu sou uma mãe de verdade, e é a mais pura verdade que eu odeio aquele cheiro de fralda golfada e Backyardigans. eu amo meu filho apaixonada e loucamente, mas ele não é a melhor parte de mim, não é a minha vida, não é meu tudo. ele crescerá e fará um monte de merdas na vida dele, vai dizer um bocado de coisas de arrepiar meus cabelos e me fará pensar "onde diabos esse menino foi achar de pensar uma barbaridade dessas?". terá defeitos, como eu, como o pai dele, e ainda bem. não quero nem imaginar o tamanho do fardo que carregam as mães que acham que seus bebês são anjos perfeitos, porque o meu anjo perfeito vai comer fruta passada às vezes e usar uma roupa meio suja e furada, e dormir sem escovar os dentes, e eu vou esquecer de dar o remédio, e já pensou se fosse um anjo? e se ele caísse no chão e chorasse? e se ele se machucasse e eu não pudesse impedir? ainda bem q eu nem acredito em deus, senão eu ia pro inferno.

é claro que cada mãe passa por essa experiência de modo diferente. pra algumas é natural e fácil, pra outras não. tem gente que troca de emprego com facilidade, tem gente que tem dor de barriga antes de ir trabalhar durante todo o primeiro mês no emprego novo. tem gente que passa a vida buscando distrações, e não tem nada melhor que um filho pra te ocupar, e muito. eu não. eu nunca precisei de distrações, eu sempre tive milhares de coisas que eu já queria fazer, e me faltava tempo ou dinheiro, e é por isso que sofro ao passar uma hora e meia embalando um bebê pra ele dormir só meia hora. porque eu queria estar escrevendo. ou lendo. ou trabalhando. ou estudando. não tenho inveja das mães que passam pelos primeiros meses como se fossem férias. mas peço a elas que tenham dó das outras mães, e das mães do porvir e que sejam honestas, pois não  há nada de feio nisso. não criem um modelo impossível que só gerará culpa nas pobres coitadas que não estarão à altura dessa mãe do mundo das ideias. e que tenham dó de si mesmas, pois ao alimentarem essa imagem da maternidade doce e mágica, criam o monstro de culpa que vai persegui-las naquele momento mais escroto em que tudo o que vc quer é que aquela criatura durma pra vc poder tomar um banho chorando.

se vale a pena? é claro que sim. não tá cheio de gente tendo dois, três filhos? é necessário? NÃO, NÃO É. uma mulher pode ser feliz sem ser mãe. realizada, plena e feliz. bebês não são deuses. as mães não são santas. e esses pensamentos só fazem mal para quem se torna mãe. ninguém merece ter de ser santa, e, pior ainda, ter que trocar as fraldas sujas de um deus. somos animais sociais pensantes duvidantes aprendentes, sangramos e choramos, e choraremos muito até a primeira gargalhada, até novamente nos sentirmos bonitas na foto do lado do bebê, até realmente nos divertirmos rindo com ele e fazendo-o rir, até finalmente a recompensa vir numa troca de olhares, de carinhos, numa cabeçadinha no seu peito, num beliscão de segurança, nos gestos mais honestos de amor de toda a sua vida. o amor é absurdo demais pra ser explicado ou analisado. não há bons motivos para decidir ter um filho, e há pencas dos melhores motivos para não ter.

still, here we are...

p.s.: links recomendados e libertadores q ajudaram a inspirar este post:

http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/10/ter-filhos-traz-mesmo-felicidade.html

http://delas.ig.com.br/filhos/2014-03-22/infantolatria-as-consequencias-de-deixar-a-crianca-ser-o-centro-da-familia.html

11 de nov. de 2014

Um desabafo sobre a patética questão de gêneros em bebês

Então vc está grávida, então vc descobre o sexo do seu bebê e então vc decide que não tem a menor intenção de enfiar o seu filho num modelo engessado de meninos x meninas desde a mais tenra idade, porque isso é ridículo, é claro. Então o quarto onde ele vai viver, que já antes tinha uma parede rosa, continuará tendo. Então vc compra kits de berço com motivos de bichos e lençóis de cores variadas: verdes, lilases, rosas, azuis, xadrezes, listrados, floridos. Então vc compra uma mala de maternidade vermelha e bege. Então vc compra mamadeiras rosas, azuis, vermelhas, verdes, roxas. Roupas lilases, laranjas, amarelas, brancas, azuis, meias rosas, roxas.

Parece fácil, mas não é. Volta e meia vc olha pro berço e se dá com um menino (LINDO) vestido de azul dos pés à cabeça. Como isso aconteceu? Fora os presentes (porque as pessoas dão quase tudo azul mesmo pra ele), existe uma grande dificuldade na decisão de um bebê neutro, livre de estereótipos de gênero. A falta de opção.

Eu vou comprar roupa pro meu bebê e a primeira coisa que me perguntam, obviamente, é se é menino ou menina. Isso será o divisor de águas na hora da compra. Meias, por exemplo. Menino, eu respondo, sempre acrescentando que não tenho a menor frescura em ver tb os itens para meninas, por favor. Mas existem lojas onde NÃO HÁ ITENS NEUTROS. Ou seja, ou vc compra meias de carrinhos de polícia e bolas de futebol americano ou meias com rendas, glitter e fitas de sapatilha de bailarina. Acontece que se eu decidi não engessar meu filho nos modelos preconcebidos de gênero eu tb não tenho o direito de determinar q ele vai ser crossdresser, certo? Não sou do tipo que se ofende se perguntam "qual é o nome dela?", porque já li em fóruns de mães que muitas se ofendem! Li coisas do tipo "mesmo que esteja vestido dos pés à cabeça de azul, me perguntam qual é o nome dela! que raiva! tenho vontade de mostrar o pinto do meu filho!". Juro, li isso. Eu simplesmente respondo o nome e digo, "é menino". "Ah, desculpe", me disse um dia a vizinha que se confundiu. Que é isso, amiga, não peça desculpas, vc não ofendeu meu filho!

Bebês são muito semelhantes, pouco cabelo, nenhum dente, não tem barba, voz grossa ou fina, peitos ou pelos pra te ajudar a dar uma pista do gênero. Mas por que isso teria que ser um problema? Algumas décadas atrás, todos se vestiam igualzinho, com camisolões e camisinhas. Quando eu nasci não existia ultrassom pra determinar o sexo, e as roupas de bebê eram, obrigatoriamente, neutras. Então por que diabos agora eles já têm que ir na primeira consulta da pediatra parecendo bolotas de pano rosas ou azuis? Criou-se um verdadeiro desespero por poder determinar o sexo dessas pessoinhas no primeiro olhar. Nem com crianças mais velhas é assim! As roupas já ficam mais coloridas, democráticas. Sim, claro, pois àquela altura vc já furou a orelha da menina, o cabelo dela já está comprido, ela já foi ensinada a brincar de boneca, já aprendeu um certo número de comportamentos femininos, e já não precisa andar de rosa dos pés à cabeça, pobrezinha. Ganhou direito às cores. Embora, é claro, os meninos jamais ganhem direito ao rosa. Na primeira consulta do meu filho na pediatra ele foi de cinza. Ele era a única criança de colo ali que vc não conseguia identificar o sexo só de olhar. A única. Quer saber? Eu me orgulhava disso. Ele saiu da maternidade de laranja. Lindo de morrer. Mas é difícil, é uma luta diária.

Eu queria um short, e os shorts para bebês mais velhos (tamanhos a partir de 9 meses, por exemplo) já estão muito caros, porque imitam em tudo as roupas de homens adultos, até passador de cinto e bolsos a porcaria já tem. Sessenta reais num negócio que ele vai usar menos de dez vezes?? Aí vc vai no setor feminino (eu SEMPRE vou nos dois) e tem umas peças de malha super fresquinhas e confortáveis por vinte e poucos reais, completamente floridas ou de oncinha. E aí? Levo ou não levo? Me achei numa arara de shorts supostamente femininos por menos de vinte reais e que só tinham duas cores, roxo e branco, azul e branco, e até hoje não entendi por que eram femininos.

No dia que eu fui comprar o cercadinho do meu filho escolhi um amarelo muito muito lindo. Eu ia tb levar chupetas, e peguei um kit com duas chupetas rosa. Atenção: só tinha kit com chupetas rosa e kit com chupetas azuis. Somente. Nenhuma outra cor. Peguei a rosa porque achei mais bonita mesmo. Na hora de pagar pelo cercadinho, vi que só tinha o amarelo com a caixa toda aberta e arrebentada, e eu odeio comprar produto assim. Disse que não queria, e a vendedora disse que então só tinha rosa. Ok, me dê o rosa. Enquanto ela buscava o rosa, voltei na gôndola das chupetas e troquei pelo kit azul, achando que já tava ficando rosa demais aquela compra, pq tb não quero vestir meu bebê "de menina" tanto quanto não quero vesti-lo "de menino". Achei q estava ficando louca, achei que dava um trabalho encaralhado tentar equilibrar as compras, as escolhas, será que não era mais fácil fazer como todo mundo? Só que se eu fizesse como todo mundo eu voltaria pra casa naquele dia com um cercadinho numa embalagem violada ou sem cercadinho ou ainda com um cercadinho muito mais caro (pq aquele lá tava super em oferta). Sei q tem gente (muita gente) q faria isso mesmo. Q não compraria o cercadinho rosa para o menino nem q fosse pela metade do preço. Eu comprei. Mas tenho uma certa vergonha de admitir ter voltado pra trocar as chupetas (e fui burra, devia ter levado os dois kits, um rosa e um azul, q o preço tb tava ótimo).

Mas é ótimo poder reconhecer que nem todo lugar é assim. No caso das meias, na Puket tive dificuldade para achar meias neutras, mas na Lupo não. Pretas, brancas, beges, xadrezes, fiz a festa por lá. Alguém me explica, por exemplo, por que uma meia de tubarões não pode ser de menina? Porque é azul? E por que uma meia de corujas de óculos (sim!! pode mais Harry Potter que isso??) tem que ser de menina? Só por ser rosa e roxa? Um body com desenho de passarinho e uma camisa do Brasil que são "de menina" porque têm um elástico no pescoço que faz um "franzidinho". Hein?

Gente... Que mundo é esse?

Isto não é daqueles posts bonitos nem nada, é só um desabafo. Por que tem horas que pensar dá no saco.

31 de mar. de 2014

Todos somos tolerantes

Eu me considero feminista. Não é algo que nasce na gente, muito pelo contrário. Nascemos TODOS numa sociedade onde manda o homem, onde a mulher é segunda classe, onde os papeis são SIM AINDA repartidos desigualmente pois há uma diferença de importância e hierarquia entre o papel da mulher e o papel do homem. Para minha sorte, nasci numa família onde mulher tem vez e voz (somos muitas) e nunca vi nem vivi situações em que fui discriminada nem diminuída por ser mulher. Minha mãe sempre trabalhou fora e por muito tempo ganhou mais do que meu pai. Ele nunca demonstrou ressentimento com isso e eu e minha irmã não fomos criadas "pra casar". Fomos criadas pra fazermos o que quiséssemos. Ambas casamos. Eu trabalho e minha irmã é dona de casa. E ela teve que enfrentar um tanto de preconceito da nossa geração por causa dessa escolha. Não esqueça que isso também é cruel, cada um faz o que quer de sua vida, e quando vc critica uma mulher que escolheu não trabalhar fora e ser dona de casa e mãe você também está corroborando a ideia de que essa é uma função "menor". E não é.

Anyway. Acontece que dias atrás eu li este post do Sakamoto e confesso que num primeiro momento me perguntei se a moça não tinha sido meio agressiva demais na resposta. Não que ela não tivesse razão, mas porque eu às vezes acho que dependendo do modo como você responde a esse tipo de comentário ("Já pode casar!"), essas coisinhas repetidas há séculos, sem pensar, você pode ou fazer a pessoa parar pra pensar no que disse ou fazer a pessoa reagir com uma agressividade que nem estava presente de início, achando que vc é chata e cricri e tal. Não é questão de q vc tenha q evitar passar por chata. É questão de resultado. De acreditar no seu poder de fazer pelo menos aquele cara parar pra pensar uma vez só nessa frase que ele repete como papagaio. É o que eu penso, nem sempre o que faço.

Mas é difícil. Porque dói na alma (porque pra mim nunca doeu na carne, o que é sorte minha) confrontar uma cena de machismo corriqueira como essa, essas coisas que vc ouve da sua tia quando leva uma sobremesa gostosa pro almoço de família, que nem dói, mas vai criando ninho, vai se repetindo, com outras cenas. Estupros em transporte público, coisa de quadrilha, gente que se organiza pra violentar mulheres em trens e metrôs. E a maldita pesquisa do Ipea, noticiada à exaustão, a exposição de uma verdade medonha que vemos e ouvimos todo santo dia, no salão, em família. Mulher que não se dá o respeito. Mulher pra casar. Mulher que "tá pedindo".

Mulheres são vítimas de julgamento CONSTANTE. O tempo todo, em todos os aspectos. Como falam, como se vestem, como se sentam. Quando fiquei grávida, eu queria muito ter uma menina. Eu coleciono bonecas e, apesar de não ver problema algum caso meu filho queira brincar com minhas bonecas, julguei que uma menina poderia aproveitar melhor as centenas de Barbies que tem nesta casa. Daí que estou esperando um menino, e não foi uma decepção, de verdade. O pior foi a quantidade de vezes que já suspirei aliviada por saber que, SÓ POR SER MENINO, eu vou ficar mil vezes menos preocupada quando for andar de ônibus, andar à noite sozinho. Não vou ter que ensinar a "fechar as pernas" quando estiver de saia. Ficar ensinando a se cobrir, vestir uma blusa no calor, mesmo quando os meninos, todos ainda crianças, meu deus!, estão só de shortinho. Que mundo, meus amigos. Que mundo. Por isso é que discordo daquela bonita frase "não se nasce mulher, torna-se". Não. Você nasce mulher, sim. É a sua primeira condição nesta sociedade, o seu gênero. E a letra dos seus cromossomos determina o perigo que você corre, a forma como será vista, do que será cobrada, o que esperarão de você. Te joga em estatísticas assustadoras, te faz ouvir merda pela vida afora e, invariavelmente, te coloca no papel de repetir muita dessa merda que te oprime com a tua própria boca, porque a gente não nasce toda cheia de senso crítico, e aos 12, 15 anos o que vc faz mesmo é reproduzir muito do que vc escuta dos adultos.

Em algum momento da minha vida eu certamente "elogiei" alguma mulher que cozinhava bem dizendo que ela "já podia casar". Peço desculpas a ela, e a mim, que também sofri ao dizer isso. Com certeza eu disse isso antes de casar. Eu não sabia nem fazer arroz. Meu marido nunca achou que eu tinha obrigação de saber fazer arroz. Nem de fazer o arroz. Ele fazia. Minha sogra foi dona de casa a vida toda, meu sogro da PM. Todas as desculpas pra um marido de cabeça tacanha? Pois não é.

O que, SIM, é sorte minha também. Não sejamos hipócritas. Um homem que se cria fora do machismo é uma raridade, e isso não é "culpa deles". A reprodução do discurso da sociedade machista, mesmo quando um discurso não violento, está em todas as bocas, não dá pra excluir todo mundo. Amar um homem, casar com ele, também é dar a ele a oportunidade de VER uma mulher, de VIVER com uma mulher. Uma mulher que vai sangrar, gerar filhos, que vai gostar de sexo (e ele vai adorar isso, nunca vai achar que é desaconselhável e despudor!), que talvez adore futebol (meu deus, dei muita sorte com essa mulher!) e discuta política, que elogie a comida dele a ponto de ele se sentir orgulhoso e se permitir gostar de fazer isso, que lhe bote em pé de igualdade nas escolhas e decisões sobre o filho e a casa, que lhe traga suas questões e reclamações do trabalho, como as que ele também tem, e que ao longo dos anos deixe muito claro que o universo feminino não é o que ensinaram pra ele. É mais amplo, menos limitado, mais interessante.

Criar homens para o feminismo é uma missão muito muito recente, talvez só a minha geração é que já esteja atenta a isso. Porque ensinar a uma menina o que é o feminismo, visto que ela é quem cresce sob a opressão, é mais fácil. Ela enxerga. Ela tem medo. Ensinar ao opressor sobre a opressão é muito mais difícil. A vida dele é mais fácil. Ele pode usar camisa ou não. Ninguém vai achar que ele é um despudorado. Ele pode se barbear ou não. Ninguém vai achar que é falta de higiene. Nunca ninguém disse pra ele fechar as pernas quando as cruza. Nunca ninguém disse pra ele que "pra ficar bonito tem que sofrer mesmo", enquanto lhe arranca um bife da unha ou a cera quente da virilha. Como é que ele vai entender? Como é que ele vai entender que isso (fazer unha, depilar) não são exatamente coisas que escolhemos fazer? Na melhor das hipóteses, são coisas que escolhemos NÃO fazer, mas fomos ensinadas que era preciso fazer, que fazia parte do nosso pacote. A gente sangra todo mês, e isso é nojento e cheira mal e vc nunca deve ficar falando sobre isso. É feio mulher fumando, falando palavrão. Pelos pubianos aparecendo pelos cantos do biquíni, que horror! Se for da sunga, tudo bem. Aquela trilhazinha que chamam até de "caminho da felicidade", porque pica todo mundo quer, né? Claro.

Aí aqueles mesmo homens que já um dia disseram sobre alguma feminista chata (gente, existe feminista chata, ok?) "isso é falta de pica" ou "é mal-comida", ficam genuinamente chocados com uma pesquisa feito essa do Ipea. Eles nunca estupraram ninguém! Isso é crime, porra! É onde se traça o limite. Na lei. (Porque não existe lei que o impeça de encher o saco da namorada ou da irmã porque a saia dela é curta, né?) E é quando começam a surgir frases como "isso não é homem de verdade, é um monstro,é um bicho, é um doente"... Coitados. É o desespero desses homens, a necessidade urgente de se dissociar dos que praticam essa violência última, o estupro. "Não, eu não sou como eles. Eu nem mesmo corro o risco de um dia ser um deles, porque são doentes, têm problemas, são animais". É o mesmo que ocorre com o ser humano em geral diante de outras violências chocantes, diante de assassinos cruéis, mães que abandonam ou torturam filhos. A sentença é rápida, e provoca alívio: "um monstro". Você retira a natureza humana daquele sujeito e de repente se sente seguro. Você nunca fará nada daquilo.

Mas talvez você veja um vídeo pornô que contenha violência contra a mulher. Talvez você fique excitado, ainda que à sua revelia. Talvez você bata uma punheta, talvez até chore de culpa no chuveiro depois disso. Não é melhor você enfrentar? Entender que a tolerância à violência contra a mulher está dentro de todos nós? De você, de mim? Só assim temos alguma chance de erradicar a tolerância e tornarmo-nos, finalmente, completamente intolerantes.

10 de mar. de 2014

O oitavo mês

Eu não sei se vocês sabem, mas eu tô grávida. Oitavo mês. À parte todo o "oh my god cacete já é mês que vem porraaaaaaa!", como era de se esperar, pensei algumas coisas novas durante esse período da minha vida. Como EU esperava, pensei coisas novas que continuavam cabendo na MINHA cabeça. Ao contrário do que muitos esperam, gravidez não é lobotomia. Continuei sendo eu, não estou vomitando arco-íris nem chorando glitter.

Uma das coisas que eu mais tenho pensado é como é chato que algo da sua vida PESSOAL tenha que ser SOCIAL. Social como um patamar, sabe? Como uma conquista, um degrau, um status, sei lá. Não sinto que tenho que compartilhar mais com todo mundo os sentimentos em relação à minha gravidez do que os sentimentos em relação, por exemplo, ao meu casamento, minha família. Mas há uma expectativa social em volta. De que minha vida gire toda em torno dessa "bênção", desse "milagre", desse "sonho". Uma das grandes dificuldades das pessoas é justamente entender que ser mãe não é um sonho para todas as mulheres. Há as que nunca sonharam com isso, e não se tornaram mães. Há as que não sonharam e acabaram sendo mães por acaso, sorte, azar, sei lá, pela vida, pelo sexo. Há as que não sonhavam com isso, mas decidiram fazê-lo. Sou eu. De um casamento muito legal, de um homem que amo, resolvi ter um filho. Que tal se fizéssemos isso? Que tal se incluíssemos essa aventura na nossa vida? Bora se meter nisso? Bora! Foi assim comigo. E de cara tinha gente que ficava até na dúvida se eu estava realmente feliz por estar grávida, porque não anunciei da maneira como se espera que seja anunciada uma gravidez, com frases do tipo "sou abençoada! uma vida floresce dentro de mim!".

Gente. Sou eu ainda, ok? Contei no Facebook por meio de uma piadinha tola e uma referência nerd, nunca mudei meu avatar pra uma barriga ou um sapatinho, não paguei book, não contratei arquiteto, não estou contando cada semana nem relatando cada chute. Conto algumas coisas, até faço perguntas aos universitários, faço piadas e reclamo (não é pra isso que serve a internet??), porque estar grávida é muito legal e uma das coisas mais doidas que já vivi, mas super tem montes de partes chatas, incômodas e até dolorosas. Basicamente, como eu já vos disse aqui algumas vezes: continuo sendo eu.

Não critico quem faz essas coisas, de modo algum. Pra muita gente é mesmo um sonho, então ótimo! Tem que curtir ao máximo o momento em que você realiza algo que sempre quis fazer. Só não faz sentido achar que esse é o único modelo aceitável, o único comportamento esperável. Eu nem entendo direito que me deem parabéns por estar grávida. Tá, eu entendo o que querem dizer, estão me desejando felicidades e saúde (quero ambas, podem me desejar!), mas se vcs pensarem bem não é exatamente uma conquista impressionante ter prole, fêmeas de todas as espécies fazem isso o tempo todo desde que o mundo é mundo. É a natureza. É muito muito legal, sim! Mas, minha gente, é natural. Não acho que uma mulher é menos mulher ou menos completa se nunca for mãe. Mulher tem que ser mãe se quiser ser mãe. Não pode ser obrigação.

E aí tem uma coisa que vem povoando minha cabeça desde o começo da gravidez. Estar grávida me fez ainda mais defensora da descriminalização do aborto. Mulher nenhuma merece ter de levar adiante uma gravidez fruto de violência, desrespeito, desespero, desesperança. Mulher nenhuma merece seguir uma gravidez já pensando em jogar uma criança no lixo. Carregar dentro do seu corpo por quase um ano a lembrança e o DNA de um momento horrível, de um homem horrível, NÃO. Ninguém deve ser obrigada a passar por isso. Porque, minha gente, há risco envolvido, em qualquer gravidez. Tudo vai bem e, de repente, pá! Aparece uma coisinha de nada num exame, e aí é repouso, dieta, remédio, vc fica com medo pela sua vida, pela vida do bebê. Passar por isso sem querer? Não, ninguém merece.

A quem interessar possa, sim, estou feliz, curiosa, cheia de medos e expectativas, dúvidas, desejos, vontades, e, na fase atual, sendo chutada vigorosamente pelo menino que deve estar habitando esta casa - do lado de fora da minha barriga - a partir do final do mês que vem. Conquanto seja bacana trocar algumas experiências com quem já passou por isso, cada experiência é única,sim, porque cada grávida é uma pessoa individual.

É, gente... Mãe NÃO é tudo igual. ;)

8 de mar. de 2014

pode me dar parabéns - dia internacional da mulher


o dia internacional da mulher não tem que ser feliz. ele tem é que ser desnecessário. mas não é.

vai ser desnecessário quando todos entenderem que homens não têm o direito de não deixar a namorada ou mulher cortar o cabelo e usar saia curta. que mulher não tem que "se dar ao respeito". que uma mulher não vale menos pela roupa que usa ou pelo jeito que dança (sim, vc tem o direito de achar a roupa feia, só não tem o direito de desrespeitá-la ou julgar seu caráter por isso, ok?). vai ser desnecessário quando vc não tiver mais medo que sua filha saia sozinha na rua do que seu filho. vai ser desnecessário quando vc não brigar com sua filha pq ela tava se agarrando com o namorado, enquanto que seu filho pode fazer o que quiser com a namorada dele. vai ser desnecessário quando meninas pequenas não tiverem que ficar ouvindo toda hora dos pais "fecha as pernas, menina!" quando estiverem de saia.

quando meninas não forem mais vendidas, exploradas sexualmente, exploradas como domésticas sem idade nem direitos. quando não morrerem mais pelas mãos dos seus companheiros por serem mulheres. quando uma mulher não tiver que esconder quantos parceiros já teve pra não passar por puta, enquanto um homem pode se vangloriar da sua lista. quando uma mulher não for julgada por outra mulher porque a casa está suja ou a roupa do marido está mal passada. quando a sociedade toda entender que pai não "ajuda" com as crianças, porque os filhos tb são dele e não é favor. que marido não "ajuda" com as coisas da casa, porque também mora lá e não é favor.

o dia de hoje é pra lembrar que tudo isso existe, que as conquistas foram muitas mas ainda insuficientes, que é preciso estar atenta e forte, que é preciso educar as crianças, meninos emeninas, para uma sociedade mais justa com todos os gêneros. não dê parabéns porque as mulheres são "emotivas", "delicadas", "sensíveis", "amorosas", "lindas". as mulheres são o que quiserem ser. estereotipá-las é diminuí-las. dê parabéns porque nasceram mulheres e enfrentam sem perder a vontade um mundo que não é feito pra elas, embora seja igualmente feito por elas.

6 de jan. de 2014

Luxo e necessidade

Eu fico realmente impressionada (e entristecida, e preocupada, e chocada) com a dificuldade que certas pessoas têm de diferenciar luxo e necessidade. Achar que a cidade tá o cão de quente e sonhar com um ar-condicionado central na sua sala, meu amor, todo mundo, né? Mas daí a achar que é item de primeira necessidade, achar que não dá pra viver sem carro, sem ar-condicionado, que é PRECISO trocar o seu iPhone só porque saiu o novo? Se vc quer e pode trocar, viva, beleza! Se vc quiser me dar um split de presente pra minha sala, serei eternamente grata. Assim q eu puder, o farei eu mesma! Mas juro que sobrevivo com ventilador. Banho é de graça e refresca q é uma beleza.

Juro que já teve gente que me perguntou se as pessoas ainda andavam a pé pros lugares aqui em Belém, porque, porra, é quente demais. Não, meu bem, aqui TODO MUNDO tem carro com ar-condicionado.Vem pra K q nosso PIB é dinamarquês!

E tem realmente MUITA gente que acha que babá e/ou empregada e/ou enfermeira (!!) são NECESSÁRIAS quando se tem um bebê. Gente. Hello, né? Necessário pra ter um bebê é sexo e leite, nessa ordem. Eu não tenho absolutamente nada contra quem contrata toda a ajuda possível, mas convencer-se de que é impossível passar por esse momento sem "enfermeira noturna pelo menos nas duas primeiras semanas" é viver numa realidade tão irreal, num mundinho de tão tão poucas pessoas, que sem perceber você está alijando do seu mundo todo mundo que consegue ter um filho sem essa ajuda extra. Por exemplo, a sua babá, a sua enfermeira noturna, a sua empregada, a sua mãe, a sua avó!

O pior é que geralmente essas pessoas acham admirável que europeias e norte-americanas tenham suas proles sem essas porra tudo. "Não sei como as americanas vivem sem empregada e babá". Ah, sim, porque as brasileiras TODAS têm empregada e babá.

Eu fico sem fala...

É claro que ninguém vai deixar um bebê sozinho em casa, não se trata disso. Se vc trabalha fora (tenho perfeita consciência de que meu caso é um luxo e uma exceção, já que eu e meu marido trabalhamos em casa), vai precisar de um esquema pro seu bebê. Uma babá, uma creche, escolinha, enfim. Mas acreditar que vc não consegue ir ao supermercado ou ao shopping ou viajar sem a babá...Aí, desculpa, vc me preocupa um pouco como mãe. Leve a babá pra onde vc quiser, contrate sua enfermeira noturna e durma todas as noites tranquilas, de boa. Mas, amiga, entenda que isso é LUXO, e não necessidade. Garanto a você que é possível ir ao shopping só vc e seu bebê ou seu filho que já anda, corre e grita aos dois anos e meio feito a pestezinha duzinferno mais adorável. Dá mais trabalho, é óbvio, mas acredite: é possível.

14 de dez. de 2012

Falando de Grey, Darcy, Cullen, Heathcliff, Mouret e, implicitamente, Téo e Alexandre

Disclaimer: este não é um post que vai falar mal do 50 Shades of Grey. Se isto for contra a sua religião, tchau e bença.

Pois então, conversemos, meninas. Girl's literature. Enchendo expositores de livrarias neste fim de ano, de Austen a James, passando por Brönté e Meyer. Calma, não me linchem por colocar estas quatro moças na mesma frase. Na minha modestíssima opinião, estudam todas na mesma escola, em séculos diferentes, com personalidades e qualidades diferentes. Mas a escola, meu bem, é a mesma.

A escola que prega que:

1) Meninas querem amar e ser amadas. Muito. Intensamente. Loucamente.

2) Meninas precisam ler e pensar e sentir desejo. De preferência podendo dar mil asas ao desejo dentro da imaginação, e aí a literatura ajuda muito.

3) Meninas que leram contos de fadas e viram muito filme da Disney - mesmo aquelas que um dia perceberam ou perceberão que preferem as princesas - sonharam com um príncipe encantado bem XY mesmo.

Algum problema com isso? Absolutamente nenhum. Literatura escrita por mulher, para mulher, acho lindo, louvável, bato palmas, leio e gasto meu dinheiro com elas.

O tempero fundamental das quatro moças citadas acima é o seguinte mote, aparentemente irresistível:

- "Eu não devia me apaixonar por este cara, mas..."

E essa frase é igual aquele momento do insone, quando deita na cama e diz pra si mesmo: "tomara que eu consiga dormir hoje". Batata, não dorme.

"Eu não devia me apaixonar por este cara." Batata, já tá de quatro.

Heathcliff, Darcy, Cullen, Grey => perigo e/ou animosidade + carinha irresistível de "eu sou um perturbado, me salva!"

= Todas ama.

Que outro resultado essa equação poderia ter? Muitas vezes adicionada do elemento "história narrada na primeira pessoa por moça que se acha sem graça e é inexperiente (aka "virgem"). Esta moça pode passar o resto do livro, ou boa parte dele, se perguntando "o que é que este homem leeeeeeendo viu em mim?"

Ah, o homem tem que ser lindo, é claro. Não estamos lendo Émile Zola, gente, estamos falando de girl's literature, e não de Germinal, não de mineiros sujos de carvão e morrendo de fome.

Se bem que... leiam Au Bonheur des Dames e ousem não se apaixonar por Octave Mouret, o lindo-rico-poderoso Christian Grey do Émile Zola. I dare you, girls.

A opção menina sem graça tem muito apelo, visto que a maior parte de nós, mulheres, confrontadas com um universo midiático que nos bombardeia com imagens de mulheres perfeitas (curti a referência a Stepford no 50 Shades), tendemos a ter nossos momentos de "eu sou uma sem graça, feia, ninguém nunca vai me amar" (ou "querer me foder desesperadamente", se vc pensar em tons de cinza). O homem lindo-gostoso-tesudo-gentleman (escolha o adjetivo de acordo com século, autora, enfim) encontra, debaixo de camadas de histeria e baixa auto-estima, a beleza estonteante da menina sem graça, que só ele vê (ok, pode ser que depois ela seja vampirizada, e aí todos verão). É possível acrescentar a essa equação (e funciona muito bem) um terceiro elemento macho (o beta, minha gente, o necessário macho beta). O contraponto, que já era previamente afins da menina, mesmo ela sendo meio sem graça, mas ele mesmo não vai dar pro gasto na comparação com o Mr. Alfa-Male-todas-ama. Se o macho beta for delicinha, melhor.

A riqueza é opcional, mas acrescenta no poder. Porque eu nunca tive grilo com essa história de atração pelo poder. Você veja bem: no mundo animal, machos saem na porrada por uma fêmea, e ela dá praquele que vence a pancadaria. Qual é a pancadaria do ser humano? Geralmente é a vida profissional. Caras bem-sucedidos fizeram por merecer (ergo bem-sucedidos, aka Grey, vou ter que incluir Mouret aqui tb), ou caras ricos pq têm famílias podres de ricas (aka Cullen, Darcy), ou ainda caras fisicamente poderosos (aka Heathcliff, Cullen, Grey), tudo isso apela lááááá no âmago da nossa porção fêmea-bicho, a que escolhe um parceiro resistente e confiável para o futuro.

Não digo que vc tenha que levar isso para vida real. Homens não tão lindos, não tão fortes, nem tão ricos podem te fazer muito mais feliz que o Eike Batista ou o Brad Pitt, but again, we're talking fiction here, ladies. Fiction.

Ninguém fala muito mal de Brontë ou Austen, né? (Fox, o personagem do Tom Hanks em You've Got Mail meio que fala mal do Mr. Darcy, mas é só charme). Ambas as moças já têm muitos anos nas costas, angariaram público e respeito, fizeram lindas literaturas, embala(ra)m sonhos de gerações de moças de todas as idades (vai dizer que eu não sou mais moça porque tenho 34?). Mas a galera desce o cacete em Stephenie Meyer (me included, sometimes) e em E L James.

Senão vejamos.

Eu critico Stephenie Meyer basicamente por estas razões:

1) Ela criou um Macho Alfa ótimo, e o fez se apaixonar por uma menina que infelizmente não parecia, mas era mesmo uma sem graça, que não sabe se defender e é toda cheia de mimimi. Para fazer isso durar quatro livros, o Macho Alfa virou um bobo. Isto é um pecado imperdoável, e eu não a perdoei.

2) Ela sambou e sapateou na literatura vampírica, fazendo os vampiros virarem motivo de chacota. Aí perdeu ponto demais comigo.

Mas no quesito love story? Ela é boa.

Ah, porque tem um outro elemento que ela usa que é nitroglicerina pura. O homem que fica perturbado de desejo. Ele quer a moça, e sabe que não devia, e sabe que vai foder com a vida dela, e sabe que pode feri-la, matá-la, sei lá. Mas quer, e fica todo perturbado entre desejo e culpa. Minha gente, isso é poderoso à beça. Quem viveu uma única cena dessas na vida pregressa, sabe.

Quesito opcional: virgindade. Largamente empregado, e por razões até bastante óbvias nos séculos passados, né? Maaaas porém contudo entretanto todavia, ainda há muito mais moças virgens acima de 18 anos do que você possa imaginar (eu fui virgem até os 21), e a discussão sobre o desejo feminino na virgem é, a meu ver, necessária e muito interessante. É no desejo da virgem que a gente vai se achando, porque é o desejo que é só nosso ainda, não compartilhado. Não acho ruim ter perdido a virgindade tarde. Dá um outro tipo de experiência. (Acho isso hoje, é claro. Me pergunte aos 18 anos o que eu achava!)

A virgindade pode ser usada na literatura atual de um modo casual e até interessante (ainda não sei se James vai ser assim, mas até agora achei que foi bem empregado o recurso "moça virgem", porque a moça virgem não foi puritana; ponto pra ela) ou forçado, como no caso de Meyer. Não há NENHUMA razão plausível para, depois de mais de um ano juntos, Edward e Bella não transarem antes do casamento. Isso é irreal e inverossímil, com todo aquele desejo. Forçou.

Sobre E L James, ainda tô no (deixeu ver, pq acordei cinco e meia da manhã hj pra ler essa desgraçada), acabei de acabar o capítulo 8. Já tenho algumas críticas, bem leves. Acho o estilo dela infantil (o tema não, néam?), é escrito para a adolescente que mora dentro da adulta, mas até aí ok, afinal eu tenho uma. No que tange ao estilo da literatura erótica em si, ainda sou mais Agent Provocateur, que tem um vocabulário lindamente sexy. Mas James construiu o Macho Alfa, e o Macho Alfa dela tem todos os elementos: lindo, rico, perturbado pa porra e, como disse uma amiga minha, pirocudo. (Essa parte é opcional também. ;D) Então até agora me parece que o forte dela são as cenas de sedução, mais que de sexo. É o observar o quanto aquela moça fica ma-lu-ca, destemperada, desesperada, cruzando as pernas, suando frio, ficando sem voz e sem palavras por causa daquele Macho Alfa. Aí eu pergunto a vocês, a pergunta que justifica a vendagem deste livro:

QUEM NUNCA??

A resposta é, é claro: TODAS JÁ!

E pronto.




p.s. de autora: O que eu faço é Girl's Literature. Não só, mas também. Por essa razão essas porra toda aí me pega de jeito. Me dá gosto compor personagem macho, e eu só faço minha fêmea se apaixonar por um macho pelo qual eu me apaixono também. Entretanto, a recíproca é verdadeira. Trato meus machos com o mesmo carinho e respeito, e minha fêmea tem que ser tão interessante e irresistível quanto meu macho. São as vantagens de ser bi. ;)

21 de mai. de 2012

Uma tarde numa livraria

São comoventes, estas adolescentes cuja beleza se deve toda à juventude. Desarrumam-se aos 16 anos de propósito e continuam belas, de cabelos despenteados, agasalhos sujos, unhas mal-pintadas.

Demo-lhes mais dez anos e suas belezas ainda estarão intactas. O viço da pele, o brilho natural dos cabelos. Mas já não se estragam: se sabem. Compreenderam o valor de sua juventude bela e aproveitam, sem exagero, com cabelos bem penteados, blusas bem passadas, porém sem exagero de acessórios. Povoam o topo da pirâmide estética, essas moças de 26 anos, que não são garotas e que usam rímel e batom cor de boca.

A partir dos 30, sua beleza dependerá cada vez mais de seu autoconhecimento e bom senso. Todo excesso será castigado, mas também o será toda escassez. A beleza ainda está, mas já não salta aos olhos feito um unicórnio galopando a espalhar o glitter da mocidade nos olhos dos outros. Uma mulher que continua se estragando propositalmente aos 36, como se tivesse 16, consegue.

8 de mar. de 2012

Eu gosto de ser mulher, como dizia a canção

Não se assuste. Ninguém tem o objetivo de ser piegas aqui.

Por muito tempo eu tive bronca com este dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Porque achava que parecia um Dia das Mães subalterno, uma apologia a frescuras atribuídas ao gênero feminino, uma desculpa de encher rede social de mensagens piegas e fotos de flores e de mulheres grávidas e pra vender flor no semáforo. Hoje em dia, tô tentando pensar diferente.

Talvez seja porque eu nunca apanhei, nunca fui estuprada, não sou explorada em casa pelo meu marido. Nunca senti na pele o que muitas, muitas mulheres ainda sentem (e mais ainda são as que já sentiram, no passado): a discriminação de gênero.

Assim como a discriminação de raça, às vezes ela está bem escondidinha. Acho bacana uma cena do filme Little Women em que a Winona Ryder, no papel de Jo March, debate o voto feminino com uma série de homens. Alguns defendem o voto feminino, porque a mulher é doce e delicada e talvez seja justamente disso que a política esteja precisando. Como assim? Os homens votam porque são homens e as mulheres votam porque são fofas? Jo March não deixa barato.

Ainda tem muita coisa pra mudar. Ainda é preciso terminar a Revolução Feminista, equilibrar a divisão desigual de tarefas. A mulher chegou a postos anteriormente masculinos e vestiu calças, mas as tarefas consideradas femininas, como cuidar da casa, dos filhos, ainda são consideradas tarefas inferiores às masculinas. Uma mulher que resolve ser dona de casa é considerada menor do que uma que trabalha fora, um homem que faz as tarefas de casa em vez de trabalhar fora é um encostado. A mulher "ascendeu" aos postos masculinos, o que só prova que eles sempre foram considerados superiores!

Você já parou pra se perguntar por que homossexualismo feminino pode ser só um fetiche, coisa de cama, sem fazer da mulher que o pratica ocasionalmente uma lésbica "oficial"? O masculino, jamais. Beijou um homem, transou com um homem, é viado. É algo definitivo demais, cruzar essa fronteira. Por que o homossexualismo masculino é chocante, e o feminino é delicado? Atraente e excitante, até? Porque o mundo masculino não se flexibilizou. Não se permitiu cruzar a fronteira para o mundo feminino, pois este é "menor". Degradante.

Super Homem, a canção

Um homem que admite uma "porção mulher" pode logo ser taxado de viadagem, ao passo que a mulher, quando é "muito macho", é forte, corajosa. Gil e Madonna servem muito bem para o dia de hoje, para você pensar na sua porção mulher sem medo nem preconceito. E pra você, mulher, deixar de pensar que é característica sine que non de feminino ser sentimental, frágil, fazer as unhas, não entender de futebol, depilar, ser mãe. Mulher é tão livre quanto homem, ou tem que ser.


"Girls can wear jeans
And cut their hair short
Wear shirts and boots
'Cause it's OK to be a boy
But for a boy to look like a girl is degrading
'Cause you think that being a girl is degrading
But secretly you'd love to know what it's like
Wouldn't you
What it feels like for a girl"





What it feels like for a girl



O que é ser mulher?

Ora, caralho, o que é ser homem? Alguém fica definindo isso? Não, porque o homem é livre. Socialmente, historicamente, politicamente. O homem não precisa se partir em mil. Ele pode, ao mesmo tempo, ser macho, ser pai, ser profissional. Isso faz parte do homem. Pai não deixa de ser homem-macho. Homem-macho não deixa de ser profissional. Mas mãe parece que é menos mulher-fêmea. Se a mulher for bonita-sensual, já perde ponto no profissionalismo. As coisas não podem se confundir, porque sensualidade feminina é degradante. Do you know what it feels like for a girl, meu caro?




Este dia serve para não deixar esquecer o que já se conquistou nesta luta e o que falta conquistar. E não pra ganhar parabéns de taxista e rosa de gerente de banco.


E pra encerrar a discussão...


"Que diferença da mulher o homem tem?
Espera aí que eu vou dizer, meu bem
É que o homem tem cabelo no peito
Tem o queixo cabeludo
E a mulher não tem"

21 de dez. de 2011

Minhas dicas de Natal Phebo-Granado

Este ano fiz a festa natalina na minha lojinha cheirosa favorita do bairro, a Lojinha da Fábrica da Phebo. Tem um produto, de uma linha Granado muito favorita, a vintage, que eu recomendo para presentear, pois além de gostoso e de boa qualidade, é lindo e barato.

Os sabonetes bola são todos trabalhados em baixo relevo, uma belezura, e vêm com a cordinha para pendurar no lavabo, um luxinho vintage para a sua pia.

Tem o Salomé, fragrância que é minha paixão adorada dessa linha, o Superfino, também um favorito sempre presente na minha casa, e o novo perfume Um Sonho.

Tem também o Alfazol e o Benjoim, mas não gosto tanto desses perfumes. Na verdade eu detesto o de Benjoim.

A linha Vintage ainda conta com sabonete em barra, sabonete líquido e hidratante corporal, difusores e talcos dos cinco perfumes mencionados.

Meus presenteados também ganharam kits montados por mim com a linha glicerinada, que é bem clássica, faz bem pra qualquer tipo de pele e agrada a todos os gostos.


Com sabonetes em barra e líquidos, tem nos perfumes Tradicional, Mel, Erva-Doce, Algas e Amêndoas (este é o único de que não gosto muito, acho um pouco enjoativo, mas os outros são todos uma delícia!).
A novidade são os sabonetes de frutas tropicais, muuuuito cheirosos!

Coco, manga, goiaba, abacaxi, maracujá e banana. Quando fui à loja eles não tinham todas as frutas em estoque. Apaixonei-me pelo de abacaxi! Fazem um kit legal com o líquido de mel ou o tradicional.


Você encontra alguns desses produtos em supermercados e farmácias de todo o país, mas certamente a variedade é maior nas lojinhas e farmácias da Granado ou da Phebo (Rio, São Paulo e Belém).

Ainda darei mais dicas de presentes dessas duas marcas favoritas, Phebo e Granado: aguardem e confiram! ;P

Preços
  • sabonete bola Vintage: R$15,20
  • sabonete em barra Vintage: R$4,20
  • sabonete líquido Vintage: R$15,20
  • hidratante Vintage: R$16,20
  • talco Vintage: R$39,40
  • difusor Vintage: R$57,60
  • sabonete líquido Glicerina: R$8,40
  • sabonete em barra Glicerina: R$2,30
  • sabonete frutas tropicais Glicerina: no site da Granado só tem o kit, por R$15,75, mas eu comprei na loja os avulsos, não lembro quanto custou cada um...
Os preços são da loja virtual da Granado, e podem variar nas lojas da marca ou em supermercados e farmácias em geral

10 de abr. de 2011

O galã incômodo

Vou descrever um carinha pra vocês: ele tem o corpo sarado, é um excelente ator, respeitado em teatro, tv e cinema, jovem, bonito, elegante, gostoso, simpático, carismático, tem um sorriso lindo, é inteligente, já trabalhou com comédia e drama. Está casado com uma atriz belíssima igualmente bem-sucedida que já protagonizou novela das nove, e o casal está grávido. Ele tem 32 anos, já foi indicado ao Emmy, mas só agora está fazendo seu primeiro papel de galã.

É que esse cara é negro.


Lázaro Ramos, como diria o clichezento Faustão, é um dos ícones da sua geração de atores. E é lindo. Vibrei com seu papel em Insensato Coração (novela fraca pra diabo), o designer pegador André Gurgel, pois enfim fariam jus ao potencial mega-gato do Lázaro.

Daí vi alguns comentários no Facebook, gente dizendo que ele não tinha nada a ver com o papel, fazendo piada como se vê-lo como galã fosse o fim do mundo. Não vi nada demais nisso, mas acabei comentando com uma amiga, e em outra ocasião, com meu marido. Ambos disseram que também ouviam muitos comentários desse tipo, de pessoas diferentes, na internet ou fora dela. Fomos, aos poucos, concluindo que as pessoas estavam incomodadas com um negro nessa posição: rico, bem-sucedido, pegador, o galã da novela (porque a história dele e da Camila Pitanga engoliu e deglutiu a do suposto casal principal Paola Oliveira-Eriberto Leão).

Não combina, esse papel não é pra ele. Claro que não. Não é escravo, não é pobre, não é cômico, não é estereotipado, feito Foguinho, Evilásio ou Roque, papéis de sucesso que ele teve antes, mas nos quais não desafiava o lugar do negro na televisão. A própria mulher dele já havia desafiado esse lugar, sendo a primeira protagonista negra de uma novela das nove, infelizmente uma novela chatíssima, mas eu geralmente não gosto de Manoel Carlos e, pra falar a verdade, acho a Taís Araújo chata, muito pessoalmente. Lázaro é um ator de MUITO mais calibre que sua esposa, mas nem é isso que vem ao caso. O que me surpreendeu com tristeza foi o preconceito velado que as pessoas têm e tantas vezes nem sabem. A maioria negará, dirá que não é porque ele é negro. Mas na verdade o primeiro desconforto vem daí. Do que não combina. Do que saiu do esquadro.

Reinventemos não só a realidade, mas também a ficção, que tanto serve de parâmetro. Não só porque há milhões de meninas e meninos negros no Brasil que precisam de referências, de beleza, sucesso, talento na mídia, que precisam enxergar negros, ver negros e sentir orgulho, sem ter que ficar procurando, mas porque estão mesmo por aí. Não. Façamos isso porque é assim que é. Porque ele É lindo, porque ele É charmoso, elegante, gostoso e talentoso. Lázaro Ramos não é galã por cota, minha gente. Ele É galã.

 Pegael, tesouro!

p.s.: Lázaro, meu bem, aqui em casa tu ruleia de cabo a rabo em meu insensato coração, seu lindo. Galã pode ser negro, nordestino e bom ator, não precisa ser canastrão. Viva!

p.p.s.: teu mano, Wagner Moura, tb tem grande aceitação, percebe? venham juntos, eu abro a porta, amores!

24 de fev. de 2011

Arrumando minhas presilhas de cabelo

Eu amo presilhas de cabelo.






Hoje fui arrumar minha caixinha tão fofa e resolvi mostrar pra vocês meus enfeitinhos.




Boa parte são tic tacs coloridos da Tita Maria, sou muito fã! Aqui tem alguns tic tacs que não são da Tita, os de flor do canto esquerdo superior e os marronzinhos do canto esquerdo inferior. As flores de crochês azul e vermelha também não são da Tita, mas o resto é tudo obra dela. Essa florzona branca é uma faixa que pode ser usada como colar ou faixa.


Meus trocinhos brilhantes, há um predomínio berrante de strass com prateado, percebem? Esse de coraçãozinho é um favorito, é da Morana (assim como o par dourado do lado dele) e ganhei dos meus amigos da PwC no meu último dia de trabalho lá em SP. :) As piranhinhas chiques, prateadas e a preta, são práticas e finas, uso demais. A libélula e as "mosquinhas" foram presente do meu melhor amigo, Fabio. Esses "chifrinhos" invertidos ficam bacana num rabo de cavalo bem cacheado, numa festa. Os grampos finos do lado direito são ótimos de usar quando o cabelo está curto, e aqueles de flor são de crochê!

Eu dou mais valor a uma presilha de cabelo do que a um anel, juro.