Georges Simenon é um dos grandes autores do
polar français. Pra quem não sabe,
polar é o apelido francês do estilo literário "romance policial". Eu nunca tinha lido nada de Simenon. Eu sou uma criatura fiel, né? Primeiro fui fiel ao Sherlock Holmes. Li umas poucas Agathas na adolescência, impliquei com ela (sim, gente, impliquei com a muié, perdoem a adolescenta, eu era doida no Sherlock, tá?). Li UM Arsène Lupin na adolescência e gostei, mas não li outro.
Depois de ter terminado todos os Sherlocks, anos se passaram e voltei a ler Agatha, amando e tudo mais. Voltei a ler Arsène Lupin, o cavalheiro ladrão do autor Maurice Leblanc, amando-o e tudo mais (não li muitos dele ainda, na verdade, uns três ou quatro livros só). E agora resolvi lançar-me ao clássico Simenon e seu
commissaire Maigret.
Bem leitora de primeira viagem, pedi conselhos no stand da
Livraria Francesa na Feira Pan-Amazônica do Livro do ano passado sobre por onde poderia começar a ler Maigret, e o vendedor me recomendou esse excelente
Maigret et la Jeune Morte ("Maigret e a Jovem Morta").
É um policial muito clássico, pois Maigret é um policial! Dou-me conta de que é a primeira vez que isso acontece nos policiais que gosto de ler. É também clássico porque todo o clima do livro é muito
noir, sabem? Com aquelas investigações rolando de madrugada por ruelas mal frequentadas, senhoras de má reputação que gostam de falar dos outros, policiais que bebem vinho e café e nunca dormem nem voltam pra casa enquanto o caso não está resolvido. Essas coisas. Muita melancolia francesa, o ritmo é muito diferente do inglesismo mais ativo de Sherlock, ainda que masculino, e mais ainda da doçura, ainda que cruel, da confortável Agatha. É difícil comparar com os livros de Arsène Lupin, pois embora se classifiquem no mesmo nicho literário, como ele é o ladrão, o desenrolar vai de outro modo. Mas é preciso dizer que Maurice Leblanc se serve muito mais do charme francês do que Georges Simenon. Maigret não é charmoso. Ele é melancólico.
Sobre o livro em si, tentando não dar muito spoiler, o mais interessante é que a maior parte da obra, como sugere o título, se desenrola em cima da identidade da vítima, e não do assassino. O envolvimento de Maigret é paternal. É bem interessante.
A L&PM tem vários títulos do Maigret em português, mas não esse, infelizmente. Pra quem tem alguma noção de francês, a CLE International tem uma versão em
français facile até com cd.
Assim vou ter que mencionar este post lá
Club Jean Briant, né?