Muitas releituras
31 de dez. de 2010
Os livros lidos em 2010
26 de dez. de 2010
The Adventure of the blue carbuncle - Sherlock Holmes: O carbúnculo (o rubi) azul
Eu adoro essa história. Primeiro porque ela começa de modo tão inusitado, com um porteiro de hotel - Peterson - que aparece no 221B da rua Baker com um chapéu e um ganso abatido nas mãos que foram largados por um desconhecido Henry Baker numa rua qualquer. Holmes aconselha Peterson a levar o ganso pra casa e comê-lo, e fica com o chapéu.
E a segunda razão para gostar dessa história é que, a partir do chapéu, Holmes faz aquilo que faz melhor: ele deduz. Faz uma brilhante sequência dedutiva a respeito do proprietário da peça sem nunca tê-lo visto, a qual, claro, se confirmará mais tarde.
- Então diga-me o que você pode deduzir desse chapéu...
Holmes segurou-o e olhou- o daquele modo introspectivo que lhe era tão peculiar.
- Sugere menos do que se poderia esperar; contudo, há algumas coisas muito claras, e outas que nos dão apenas alguns indícios. O homem é um intelectual, é mais do que evidente; acha-se atualmente em péssimas condições de vida, o que acontece de uns três anos para cá, pois antes disso vivia bem. Anteriormente, era cuidadoso, mas seu cuidado diminuiu de uns tempos para cá, o que é sinal evidente de decadência moral, a qual aliada ao declínio de seus bens, deve ter sido causada por alguma influência perniciosa, talvez a bebida, e essa pode ser a razão por que a mulher deixou de cuidar dele e talvez já não o ame.
- Meu caro Holmes!
Como sempre, podemos esperar que, após a explicação dos detalhes do chapéu que conduziram Holmes a cada uma das conclusões, o espanto de Watson se transforme em complacência, né? "Oh, é claro, é muito simples", dirá ele, ou algo semelhante. Sei, sei...
O que não passava de uma distração matutina entre amigos torna-se um caso importante quando Peterson irrompe novamente no 221B tendo nas mãos uma pedra que fora roubada recentemente da Condessa de Morcar: o carbúnculo azul. Estava dentro do papo do ganso! E aí começa a brincadeira de verdade...
A grande sacada é que, pra chegar no ladrão, eles têm de refazer o caminho ao contrário. Do papo do ganso até o momento do roubo. É divertido!
Resolvi aproveitar o Natal e o carbúnculo azul para comentar a série The Adventures of Sherlock Holmes da Granada Television, que começou meio fraca, mas foi melhorando ao longo dos episódios, e o sétimo da primeira temporada, que corresponde a este de que vos falo, é bem legal. Nos papéis principais de Holmes e Watson temos Jeremy Brett e David Burke. É um bom Sherlock Holmes, acho que até conta com aquele toque afeminado na medida certa, porém a elegância máscula do cinismo também está presente (no entanto as lutas são muito mal coreografadas, senhor!). Ainda estou em busca da excelência no Dr. Watson*. Acho esse fraco. : (
Ponto fraco da série: direção e produção. Não mantêm um ritmo cativante, que prenda o telespectador. Ponto forte da série: fidelidade ao texto de Conan Doyle.
Pude comprovar isso assistindo ao episódio The Blue Carbuncle. Fiquei acompanhando com o original em inglês na Wikisource, e, gente, é fidelíssimo!! Os diálogos, tudo, uma lindeza! As lindas tiradas de Holmes, e na minha opinião, esse é o segundo melhor episódio da primeira temporada dessa série (só perde para The Speckled Band), até em termos de produção. Vão ao detalhe de tentar reproduzir as cenas como nas ilustrações originais do The Strand!! Luxo!
Eu tenho adoração pelas ilustrações originais do The Strand, vejam só a cena clássica do estudo do chapéu:
E agora na série televisiva da Granada:
Meu povo, fiquei passada e engomada. Que coisa leeeeenda. Parece que o homem criou vida e saiu das amassadas páginas do periódico The Strand! Emocionante! Chuif... :`}
As necessárias adaptações são feitas, e uma sequência inicial é acrescentada ao episódio, explicando o roubo da joia antes de ela ser encontrada no papo do ganso pelo porteiro, mas achei bem feitinho, porque não "spoila" muito. Ah, a data também é transferida do dia 27 pro dia 24 de dezembro, pra acrescentar um clima mas natalino, fazendo mesmo como se fosse o Natal do Sherlock Holmes, mas ficou bom, pra justificar a surpreendente atitude dele no final.
Sem spoilar vocês, tem uma coisa do final que eu achei bem legal. Uma frase que foi usada idêntica ao texto original ("Afinal de contas, Watson, não sou empregado da polícia para suprir suas deficiências."), mas que, no livro, tem entonação leve e despreocupada e, na telinha, Brett carregou num drama que encaixou no momento. Aprovei! ;)
O vídeo abaixo é maior do que eu gostaria, mas pode matar a curiosidade de vocês.
A cena do estudo do chapéu começa a ficar bacana lá pelo minuto 7:10, mas a parte que eu citei em itálico acima está no minuto 8:46.
* Pensando bem, acho que o John Watson do Martin Freeman ("Sherlock", BBC) é o que mais me agrada porque guarda uma característica essencial do personagem: ele é fascinado pela habilidade de Sherlock Holmes. Não se pode travestir essa idolatria de desprezo, dê outro jeito de tornar uma série televisiva interessante. Um médico não iria se dar ao trabalho de contar as aventuras do melhor amigo detetive se não ficasse embasbacado com sua capacidade dedutiva.
23 de dez. de 2010
Minha receita deste natal - Bombom de panetone
Demorei a achar a receita da Nigella, mas encontrei neste link: http://www.styleathome.com/
E comecei a substituir as coisas. Basicamente, a base dela, que é o Christmas pudding, troquei por panetone. E o sherry virou licor de cacau, que eu tinha em casa. Minhas medidas foram muito "no olho", até alcançar a consistência que vi no vídeo (o que pra Belém não é suficiente, tem que ter mais chocolate pra ficar mais duro). Mas vamos lá que ficou bom à beça!
BOMBOM DE PANETONE
Ingredientes
3/4 de um panetone de 750g - gelado (deixe por algumas horas na geladeira)
licor de cacau (eu fui colocando até dar o ponto e o gosto que eu queria)
3 ou 4 colheres de sopa de glucose de milho - Karo
uns 250g de chocolate meio amargo
uns 100g de chocolate branco
algumas cerejas ao marasquino picadas
Preparo
O panetone (pode ser um bolo de frutas também) tem que estar gelado senão não rola. Pique e depois esfarele numa tigela. Comece a adicionar a glucose de milho e o licor, misturando bem com um garfo. Umedeça o panetone/bolo até obter uma massa que fique homogênea, mas grude nos dedos (por isso recomendo misturar com o garfo, na verdade).
Derreta o chocolate meio amargo e misture à massa, bem misturado.
Depois faça bolinhas, coloque num tabuleiro e leve para gelar até firmar. Então derreta o chocolate branco e coloque só um pouquinho em cima de cada bombom, como se tivesse "nevado". Com o chocolate branco ainda mole, decore com um pedacinho de cereja. Devolva os bombons à geladeira.
Rende uns 50, 60 bombons, depende da sua bolinha.
21 de dez. de 2010
Sherlock Holmes - Noite Tenebrosa (Terror by Night)
Pois eu ganhei de Natal da querida Lu Naomi o dvd de Noite Tenebrosa (Terror by Night, 1946)! Gente que ama bons crimes e mais ainda os elegantes solucionadores dos mistérios criminais, como nós duas, vibra com uma Noite Tenebrosa a preencher seu Natal, né não? Pois eu já assisti duas vezes, não por uma razão qualquer, mas porque esse ótimo dvd (pela primeira vez em cores) traz nos extras a versão em preto & branco. Não resisti, e vi as duas.
Segundo a wiki, o roteiro é livremente baseado em duas histórias de SH: The Adventure of the blue carbuncle e The Disappearence of Lady Frances Carfax. Eu encontrei muito pouco dessas histórias no roteiro. Um velha dama, uma joia, o esquema do caixão. Digamos que seja inspirado nos contos. Mas é um bom roteiro. Assassinato, roubo, luta, a retomada de um clássico vilão (não, n00bs, não é o Moriarty! :P A história já se passa após a morte do maior inimigo de Holmes), e o curioso empréstimo a Agatha Christie de um elemento criminal pouco sherlockiano: o confinamento no trem.
Sherlockianos costumam se ressentir das tentativas de humor nas adaptações, porque Conan Doyle não incluía humor nos seus textos, mas eu pessoalmente já considero uma vantagem se o alvo do humor não for o próprio Holmes. No caso, Watson e Lestrade são os ridicularizados, talvez um pouco demais, especialmente Lestrade, coitado. No final ele é de grande ajuda, mas claro que o golpe de mestre é do mestre. Sherlock Holmes! : )
Apesar de virar alvo de piada, Watson foi bem retratado. É bem dele confiar logo nas pessoas e querer fazer algumas coisas sozinho na investigação. Claro que, nos livros, ele não é tão desastrado quanto foi nesses filme. E pra quem gosta das comparações Agatha-Christianas, acho que Watson com o tempo tornou-se um sidekick mais competente do que Hastings. Talvez, afinal, o ego de Poirot fosse de fato maior...
Rathbone faz um belíssimo Holmes, centrado, alto (como isso é indispensável), expressão de escrutínio na medida, a luta coreografada (no estilão da década de 40, claro, mas já deu um banho na série da Granada Television), enfim: vestiu o sobretudo com dignidade e fumou o cachimbo com propriedade. Mereceu seu Holmes. Fazer um Holmes correto é tudo o que um aficionado espera de um ator britânico, alto, magro de cabelos castanhos.
Se tiver nariz aquilino, é bônus! ;D
19 de dez. de 2010
Clube da Esquina e outras mineirices musicais
14 de nov. de 2010
L'Occitane - Aromacologia, Rameau d'Or, cabelos em geral e esfoliação
A L'Occitane Belém está com várias coisinhas em promoção. A linha Rameau d'Or, por exemplo, está todinha em promoção, uma beleza!
Recomendaram-me o xampu reparador Aromacologia com 5 óleos essenciais. Bom para quem usou alguma química no cabelo. Ganhei duas amostras da máscara capilar da mesma linha.
Update: já usei o xampu e o condicionador Aromacologia, gostei do resultado. Cabelos macios, mas não ficam pesados. Como sempre, o forte da L'Occitane é o perfume. O cheiro é delicioso e perfeito!
E como eu adoro um sabonete, vcs sabem, trouxe dois sabonetinhos de Amande pra experimentar. São esfoliantes e custaram R$11. Hoje só comprei novidades, e tudo estava em promoção! ;)
update: o sabonete é esfoliante meeeesmo, tipo, mais esfoliante que o esfoliante de uva da mesma marca (mencionado neste post), que por acaso também mora no meu banheiro, e também ganha do Bonne Mère Verveine (citado aqui), que tem uma esfoliação diferente, que não é granuladinha. Enfim, esfoliação gostosa e eficiente. Se vc quer uma esfoliação mas levinha, escolha as opções de verbena (seja o Bonne Mère ou aquele em forma de folha).
4 de nov. de 2010
Perfuminho novo da Chamma
Não é o primeiro perfume da linha águas e banhos que me atraiu. O primeiro, e que continua sendo meu favorito, foi o Água de Chuva, que vem com uma folha seca de mangueira dentro do vidro. Um charme a mais.
Infelizmente a Chamma não tem um site ativo no momento (só o blog, linkado acima). As lojas estão espalhadas pela cidade, e acho que pelo Brasil também: Estação das Docas, Boulevard Shopping, um quiosque dentro do Magazan da Doca são as que me lembro agora.
Há outros produtos também, como sabonetes e cremes, mas, na minha opinião, o forte da marca são os perfumes, que são de ótima qualidade, com boa fixação. Recomendo!
6 de out. de 2010
Um povo à espera do Sassá Mutema?
15 de set. de 2010
Old lady
11 de set. de 2010
Por que o 11 de setembro é inesquecível
O diário e o testemunho de Agnès Humbert durante a ocupação da França são um dos documentos mais importantes desse período. Agnès trabalhou no jornal Résistance e foi presa. Fez trabalhos forçados na Alemanha até a chegada de soldados americanos.
Os americanos participaram da maior parte das guerras dos últimos cem anos. Mas nenhuma delas se desenrolou dentro de suas fronteiras. Por essa razão, o ataque fulminante de um único dia teve tanta repercussão.
Sei que não é uma competição de sofrimento, né? Mas eu acho o 8 de maio e o 11 de novembro mais significativos...
8 de set. de 2010
Maquiagem Pivoine L'Occitane
Eu estava louca pra conhecer a maquiagem da L'Occitane! Sabia que chegaria às lojas no Brasil em setembro, e hoje fui dar um perdido na minha adorada lojinha da Braz de Aguiar, e logo dei de cara com a nova linha Pivoine, ou Peônia, uma flor linda e de perfume delicioso que serve de base para a maquiagem da L'Occitane.
Comprei o batom Surprise Scintillante, que tem uma cor muito leve, bem cor-de-boca mesmo.
Lá na loja tinha quatro opções de batom e quatro de gloss, e tem um gloss incrível, que pode ser usado também como rouge, não é demais?? O vendedor, muito educado e atencioso (sempre sou super bem-atendida lá!), me disse que as sombras também são excelentes, mas como eu não uso sombra em pó, só cremosas (e olhe lá, porque quase não uso maquiagem), fiquei só no batom mesmo.
Ainda na linha Pivoine, o Baume de Paeon é um bálsamo para os lábios, que vem na forma de líquido, como um gloss.
Só não fiquei interessada porque eu já fui atrás do protetor labial de Karité, no formato clássico de batom, e o Baume de Paeon parece meu gloss de rosas, só que sem corzinha.
Ainda na linha Pivoine, não pude resistir ao Eau de toilette Roll-on! Dá pra levar na bolsa, e o perfume é delicioso, meio cítrico, meio amadeirado, só experimentando mesmo!
A versão Roll-On é um pouco mais intensa que a da embalagem comum, tá?
Aliás, a inexorável linha de Lavanda... Passei rapidamente a mão num Crème Relax Pieds antes de desvanecesse no ar! Tantas vezes eu já tinha ido nessa e em outras lojas da L'Occitane sem encontrar esse creme, e enfim ele voltou às prateleiras! Um já é meu!
[sabe por que A.O.C.? Ça veut dire "Appellation d'Origine Controlée", ou seja, não é qualquer lavanda não, é A lavanda da Provence, meus filhos, o filme que deu origem à série, aquele felpudo tapete lilás que cobre os campos provençais feito imagem de sonho...]
E fechando o ato com mais dois petits savons essenciais (Karité Lait e Rose de Quatre Reines), assim fiz feliz minha tarde com mais uma visita deliciosa à L'Occitane. :)
p.s.: Post simultâneo no Club Jean Briant de Français.
8 de ago. de 2010
BBC's Sherlock: Holmes no século XXI - spoilers do 1o. episódio
Sherlock não é dado a adaptações, é duro e sem humor, o que, no século XIX cabia perfeitamente. Mas, por exemplo, num filme de hoje, pouca gente ia querer ver, daí fazem um Sherlock totalmente descaracterizado, engraçadinho-tipo-humor-americano, gostando de mulher, fraco. Sherlock não é fraco, não enfraqueça Sherlock ou eu lhe meto a mão na cara. Ele não tem que ser coerente como um ser humano, ele não é Poirot, não tem sentimentos, Sherlock Holmes é um super-homem.
A grande idéia da adaptação da BBC foi transpor Sherlock para o nosso século. Isso dá a liberdade necessária para acrescentar os toques que atrairão o público, como o humor, mas com a fineza de mantê-lo britânico e inteligente, rápido e não óbvio. Então vamos a "A Study in Pink".
No nome eles já dão o recado: vamos beber na fonte. A primeira história de Sherlock Holmes chama-se "A Study in Scarlet", e há diversas referências durante o episódio, o suficiente pra acender o fogo sagrado dentro de mim. E, é claro, eu matei a charada antes do final.
"A ciência da dedução", nome do capítulo no qual Watson fica conhecendo o funcionamento da técnica sherlockiana, virou o nome do site. Aliás, amei o uso dos SMS e a parada de colocar as palavras na tela, bela sacada. A guerra no Afeganistão, onde Watson foi ferido, virou, bem, a guerra no Afeganistão. A história se repete or what? Pois é. Barts, o colega Stamford, o local do crime, a palavra Rache (embora com o sentido trocado), tudo bebe da fonte, mas se coloca de forma brilhantemente nova.
Mas a melhor parte foi a do celular! Todas as informações que Sherlock (é curioso chamá-lo assim, eu costumo usar "Holmes") deduz a partir da observação do celular de Watson, originalmente vêm de uma cena de "O Signo dos Quatro" (segunda história de Sherlock Holmes), mas no livro o objeto é um relógio de bolso. A mudança foi super bem-feita, até a história da dedução do alcoolismo pelos arranhões da entrada do carregador (no livro, era a entrada do pino de dar corda no relógio). Bom, no livro o irmão era irmão mesmo, ok?
E sem dúvida a escolha do elenco foi precisa. Nosso amigo Arthur Dent, ou melhor, Martin Freeman como Dr. John Watson é ótimo, mas Benedict Cumberbatch como Sherlock Holmes é fantástico. Tem a voz certa, a altura, o pescoço comprido, o rosto branquelo. E é bonito.
A viagem vai ser boa. Espero que tenha mais de três escalas, BBC!
Se quiser, aqui no velho QE tem mais posts sobre Sherlock Holmes: http://quartoescuro.blogdrive.com/categories/Sherlock%20Holmes-8.html .
7 de ago. de 2010
Here's what you missed on *Glee*!
Glee é um High School Musical cáustico-pirado e com um repertório excelente feito para adultos. Apesar de os temos dos conflitos serem na maioria adolescentes, é muito mais focado nas suas lembranças de adolescência do que num estilo high-school-malhação de achar essas coisas realmente sérias e importantes. O humor avacalha com os conflitos, fala-se de tudo, de drogas e de sexo na maior patifaria e sem querer ensinar nada a ninguém, os losers estão no centro do universo (enfim perceberam que são os losers que estão sentados horas diante da tv e resolveram fazer tv pra eles, como Glee e TBBT), mas continuam sendo losers mesmo tendo seu próprio show.
A mocinha [Rachel Berry] é uma chata de galocha (meu deus, eu me vejo nela a cada episódio. sou insuportável), a vilã [Sue - absolutamente perfeita!] tem um diário e a outra mocinha, a professora legal, [Emma] tem uma lista de TOCs que lhe elegeriam para noiva do Monk. Com direito a cheerleaders vingativas, umas burras, outras nem tanto, e uma diva de personalidade vibrante [Mercedes], minha personal favorite do time das meninas do Glee Club é a improvável Tina, que cantou raivosamente "I Kissed a Girl" no teste, mas se revelou de uma intensa ternura no encontro com Artie e na interpretação de True Colors. Linda!!
Com uma mocinha chata como a Rachel brigando pelo galãzinho com a cheerleader, não vai faltar quem torça pelo adolescente gay [Kurt], que engrossa as fileiras de apaixonados por Finn, o atleta que tem sentimentos e uma puta voz. Até o judeu bruto de cabelo moicano [Noah Puck] canta bem e é bacanoso, mas é galinha, também não vamos exagerar. Artie me enganou tão bem que fui seca crendo que o ator era cadeirante de fato. A posição de pernas de ladinho pôs a Alinne Moraes no bolso. Mas não se enganem. O macho alfa do Glee Club é Mr. Schuester, el profesor de español. Que canta e dança "Vanilla ice ice baby" e continua uma tesão. Ui.
Glee bebe na fonte de Grease com a sede de gerações. Atores e atrizes americanos aprendem a cantar e dançar, além de atuar, e eu pago o maior pau pra isso. Valorizo muito, e morro mil vezes de inveja. Por que não temos uma escola de atores assim? Simplesmente não há essa tradição no Brasil. Pena...
Mas o ator principal de Glee é o repertório. É ele que chama audiência. De repente você está ali, assistindo despreocupadamente aquele seriado divertido, e aquele grupelho de jovens mega-ultra-máxi-talentosos faz uma performance inesquecível com uma música que você ama! Não usar músicas novas é brilhante. Sempre vai ter alguém a ser conquistado com uma das canções do episódio.
A música tem razão de ser, ali. Não tem aquela história de, de repente, o roteiro vira música e a cena continua depois numa estranheza total, o que costuma ser uma crítica de quem não gosta de filme musical. Não. Eles estão ali pra cantar, ensaiam e tudo mais. Claro que as canções são escolhidas de acordo com o tema do episódio, ninguém é bobo, mas nunca fica esquisito.
E as performances? MELDELS. Eu só posso dizer que se você ainda não viu, veja. É difícil dizer o que ficou melhor, mas eu, muito pessoalmente, adoro os mash-ups do episódio Vitamin D.