Água. Cheiro de roupa molhada, de algas. Cheiro bom,
cheiro ruim. Água. Isso não era bom, não é? Onde ela estava? Ah,
o submarino. Água? Isso não era bom, não é? Água entrando no
submarino não podia ser bom. Mexeu os pés e sentiu-os chapinhar na
água. A cabeça doía como nunca antes em sua vida. Parecia que
estava pegando fogo e até mover os dedos dos pés lhe doía. Dedos
dos pés? Ela sentiu os dedos dos pés na água. Não deveria estar
calçada? De bota?
Morrera?
Mexeu com muito esforço os pés mais uma vez. A água
era fria, direto na pele. Tentou mexer os braços, e estava solta.
Não estava mais amarrada na cadeira. Só podia ter morrido, solta
ela não resistiria ao tranco. Mas conseguira mover os pés, não
conseguira? Não tinha quebrado a coluna, portanto.
Queria abrir os olhos, mas não achou que conseguiria.
Percebeu então que não estava sentada, mas deitada. Uma onda fraca
de água correu por baixo de suas pernas, arrastando areia, subindo
até as costas e quando ela sentiu a água na nuca a sensação foi
tão incrivelmente boa que Elisa abriu os olhos. Seu corpo inteiro
doeu, os olhos principalmente.
Sol.
- Ela acordou! - alguém gritou. E Elisa entendeu tão
fácil porque esse alguém gritou em português, e em seguida ela
ouviu a mesma frase em inglês. Elisa piscou duas vezes e mexeu a
cabeça para o lado direito.
Um rapaz bonito olhava pra ela, ele não era nada
estranho. Não. Ela o conhecia muito bem. Reconheceu seus olhos, seus
cabelos, o nariz, as sobrancelhas. Achou que o conhecia há muito
tempo. Quando? Uma viagem longa, milhares de quilômetros, anos
talvez. O fim. Ela lembrou do fim. Devia haver algo depois do fim? O
que poderia haver depois do fim?
Então ele sorriu como ela ainda não o tinha visto
sorrir.
- Bem-vinda. Ao começo.
hehehehehe Muito legal!
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