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18 de fev. de 2013

For the benefit of Mr. Yoll

"Seu retrato? Como eu poderia fazê-lo? Vinte vezes eu vi Arsène Lupin, vinte vezes foi um ser diferente que me apareceu... ou ainda o mesmo ser, do qual vinte espelhos me teriam devolvido imagens deformadas, cada uma tendo seus olhos particulares, sua forma especial da figura, sua silhueta e sua personalidade.

- Eu mesmo, me diz ele, eu não sei mais muito bem quem eu sou. Num espelho eu não me reconheço mais.

Gracejo, é claro, e paradoxo, mas verdade em relação aos que o encontram e que ignoram seus recursos infinitos, sua paciência, sua arte da maquiagem, sua faculdade prodigiosa de transformar até as proporções do seu rosto, e de alterar até mesmo a relação de seus traços entre si.

- Por que, diz ele ainda, teria eu uma aparência definida? Por que não evitar esse perigo de uma personalidade sempre idêntica? Meus atos me designam suficientemente.

E ele especifica com uma ponta de orgulho:

- Tanto melhor se não se possa nunca dizer com toda a certeza: eis Arsène Lupin. O essencial é que se diga, sem medo de errar: Arsène Lupin fez isto."

(LEBLANC, Maurice, L'Arrestation d'Arsène Lupin, in: Arsène Lupin: Gentleman-Cambrioleur, tradução livre)

Pode-se dizer sem medo se errar que eu tenho um fraco por personagens da virada do século 19 pro 20 com talentos para o disfarce, né memo? E uma queda federal por atores, reais ou fictícios, com equivalentes talentos camaleônicos. ;D

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